Gerente da BR Distribuidora faturou com vazamento no caso Ipiranga
Executivo é um entre os 26 investigados pela CVM por uso de informação privilegiada na venda do grupo
Kelly Lima, Irany Tereza, Nicola Pamplona e Mônica Ciarelli, RIO
Um dos supostos beneficiados por lucros obtidos em bolsa de valores com uso de informação privilegiada da venda do Grupo Ipiranga para o consórcio Petrobrás/Ultra/Braskem é funcionário de carreira da estatal e ocupava o cargo de gerente executivo na BR Distribuidora. As investigações correm sob segredo de Justiça. Por isso, ainda não há confirmação oficial sobre a participação do executivo, responsável pelo segmento de distribuição de querosene de aviação.
Rumores na estatal e de fontes do setor apontam, porém, que o funcionário teria ganho em torno de R$ 900 mil com o investimento, feito nos dias 13 e 14 de março. Os papéis teriam sido vendidos logo após a confirmação da compra, no dia 19. O gerente, que estava cedido pela Petrobrás à sua subsidiária de distribuição de combustíveis, havia ocupado anteriormente a gerência de Produtos Químicos, responsável pela venda e distribuição de insumos e serviços para a indústria química e petroquímica.
O funcionário da Petrobrás é apenas um dentre os 26 investidores - pessoas físicas e jurídicas - investigados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no caso. A venda da Ipiranga, por US$ 4 bilhões, formalizada no dia 19 de março, foi precedida por uma semana atípica de movimentação com papéis das empresas do grupo, que tinham historicamente negociação inexpressiva na Bolsa de Valores de São Paulo.
Em uma semana, as ações ordinárias da Refinaria Ipiranga, por exemplo, giraram R$ 23,990 milhões, mais do que o dobro do registrado nos três meses imediatamente anteriores, de 2 de janeiro a 9 de março: R$ 11,605 milhões. Um fundo já identificado nas investigações, com sede em Delaware, nos Estados Unidos, movimentou R$ 3,3 milhões.
O presidente da CVM, Marcelo Trindade, recusou-se ontem a confirmar a identidade do suspeito. “Não vamos tratar sobre especulações”, desconversou, alegando segredo de Justiça. A autarquia, em operação conjunta com o Ministério Público Federal, já conseguiu o bloqueio de quatro contas sob suspeição e não descarta novas medidas semelhantes.
Os investimentos em bolsa, antes do resgate, passam por um período de depósito na Câmara de Liquidação e Custódia da Bovespa.
No início da noite, pouco antes de embarcar para São Paulo, onde participaria de um programa de TV, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, recusou-se a comentar o assunto. O executivo demonstrou contrariedade ao ser abordado pela reportagem do Estado no Aeroporto Santos Dumont. Na sexta-feira, por meio de sua assessoria de imprensa, Gabrielli afirmara que a comprovação de participação de qualquer funcionário da companhia no episódio levaria a uma “punição exemplar”.
No mesmo dia, a empresa anunciou a criação de uma comissão de sindicância para apurar as denúncias da CVM. A comissão reuniu-se pela primeira vez ontem, mas a companhia não quis comentar o resultado do encontro. Já a CVM estipulou o prazo de 90 dias para finalizar as investigações e enviar o caso à Justiça. Se comprovado o uso de informação privilegiada, os acusados estarão sujeitos a até cinco anos de prisão.
27.3.07
Quem vazou
As investigações sobre o vazamento do caso Ipiranga começam a indicar de onde saiu a informação. Veja o Estado de hoje:
26.3.07
Preferenciais
O Globo (26/03/2007) chama a atenção para a questão das preferenciais e das ordinarias:
Nos EUA, só há ações ON negociadas na Bolsa
Como a liquidez do mercado brasileiro está concentrada em papéis PN, investidores como Gordon costumam dar preferência a esse tipo de ação. Mas, dizem os especialistas, a tendência é que essa realidade comece a mudar, se aproximando do modelo vigente em todo o mundo
Operação da Ipiranga faz crescer procura por ações com direito a Voto, O Globo, 26/3/2007, Patricia Eloy.
Nos EUA, só há ações ON negociadas na Bolsa
Como a liquidez do mercado brasileiro está concentrada em papéis PN, investidores como Gordon costumam dar preferência a esse tipo de ação. Mas, dizem os especialistas, a tendência é que essa realidade comece a mudar, se aproximando do modelo vigente em todo o mundo
Operação da Ipiranga faz crescer procura por ações com direito a Voto, O Globo, 26/3/2007, Patricia Eloy.
A importância do Tag Along
Tag Along diz respeito ao direitos que os acionistas minoritários possuem de vender suas ações de uma empresa. A existência de garantia de tag along é importante quando existe a negociação de uma empresa no mercado.
O jornal Valor (26/3/2007) chama a atenção para o Tag Along na questão do Ipiranga:
Governança faz a diferença no pregão
Depois de operações em que os minoritários detentores de ações preferenciais (PN, sem direito a voto) saíram no prejuízo, a compra do grupo Ipiranga endossou a importância de se investir em empresas com governança corporativa. Casos emblemáticos como da AmBev, Ripasa, Tele Centro Oeste (TCOC) e, por pouco, da Telemar deixaram claro que os minoritários podem perder muito se investirem em PNs de empresas que não garantem os mesmos direitos a todos os acionistas. Nesses casos citados, os preferencialistas perderam porque não receberam o mesmo valor, ou parte dele, pago aos controladores na venda da companhia - o "tag along".
A prova da importância do benefício é o desempenho do Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (Itag) - formado pelas empresas que oferecem além do que é exigido pela Lei das S.A. -, superior ao de outros índices da Bovespa. No ano, o Itag sobe 2,97% ante uma alta de 2,38% do Índice Bovespa. (...)
Depois de operações como a da Ipiranga, é natural que cada vez mais os investidores prefiram PNs de empresas que oferecem "tag along", afirma Fernando Tendolini, gestor do fundo de governança Fator Sinergia, do Banco Fator. Mesmo a duras penas, o investidor percebeu que o barato pode sair caro. "Ele prefere pagar mais por uma ação de uma empresa que alinha os interesses de minoritários e do controlador do que pagar menos pelo papel de uma companhia que não pensará nele na hora de uma operação importante", diz Tendolini. (...)
O "tag along" também não tem o mesmo peso para todas as empresas. Quanto maior as chances de troca de controle, mais valioso ele é, diz o professor do Coppead, Ricardo Leal. "O benefício é muito mais importante nas empresas de telefonia do que na Petrobras", exemplifica. Muitas dessas companhias que estão em vias de serem compradas não oferecem o direito. É o caso das telefônicas. Nenhuma delas dá "tag along". Esse é um sinal de que a governança evoluiu, mas ainda há muito para melhorar.
O jornal Valor (26/3/2007) chama a atenção para o Tag Along na questão do Ipiranga:
Governança faz a diferença no pregão
Depois de operações em que os minoritários detentores de ações preferenciais (PN, sem direito a voto) saíram no prejuízo, a compra do grupo Ipiranga endossou a importância de se investir em empresas com governança corporativa. Casos emblemáticos como da AmBev, Ripasa, Tele Centro Oeste (TCOC) e, por pouco, da Telemar deixaram claro que os minoritários podem perder muito se investirem em PNs de empresas que não garantem os mesmos direitos a todos os acionistas. Nesses casos citados, os preferencialistas perderam porque não receberam o mesmo valor, ou parte dele, pago aos controladores na venda da companhia - o "tag along".
A prova da importância do benefício é o desempenho do Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (Itag) - formado pelas empresas que oferecem além do que é exigido pela Lei das S.A. -, superior ao de outros índices da Bovespa. No ano, o Itag sobe 2,97% ante uma alta de 2,38% do Índice Bovespa. (...)
Depois de operações como a da Ipiranga, é natural que cada vez mais os investidores prefiram PNs de empresas que oferecem "tag along", afirma Fernando Tendolini, gestor do fundo de governança Fator Sinergia, do Banco Fator. Mesmo a duras penas, o investidor percebeu que o barato pode sair caro. "Ele prefere pagar mais por uma ação de uma empresa que alinha os interesses de minoritários e do controlador do que pagar menos pelo papel de uma companhia que não pensará nele na hora de uma operação importante", diz Tendolini. (...)
O "tag along" também não tem o mesmo peso para todas as empresas. Quanto maior as chances de troca de controle, mais valioso ele é, diz o professor do Coppead, Ricardo Leal. "O benefício é muito mais importante nas empresas de telefonia do que na Petrobras", exemplifica. Muitas dessas companhias que estão em vias de serem compradas não oferecem o direito. É o caso das telefônicas. Nenhuma delas dá "tag along". Esse é um sinal de que a governança evoluiu, mas ainda há muito para melhorar.
Setor petroquímico, uma longa história de conflitos
O Valor Econômico de 26/03/2007 faz um apanhado interessante sobre os problemas oriundos da operação Ipiranga. A briga, como previsto, será longa. Leia a seguir:
Setor petroquímico, uma longa história de conflitos
O setor petroquímico nunca foi um lugar em que acionistas minoritários pudessem viver sem preocupação. Desde a origem, as petroquímicas brasileiras puderam enxergar o mercado acionário como parceiro para seus investimentos, uma forma barata de levantar recursos. Já o mercado se ressente da forma como, em geral, é tratado por controladores das petroquímicas.
O caso da venda do Grupo Ipiranga é mais um ato nesta peça em cartaz há muitos anos, em que atores entram e saem de cena e no caminho espalham prejuízos para acionistas minoritários sem a menor cerimônia. Nesse movimento de aquisição, contam com o governo como patrocinador desses espetáculos e mais duas empresas que são negociadas no Nível 1 da Bovespa (Braskem e Ultra), faixa onde companhias comprometidas com governança corporativa listam seus papéis.
O recuo dos investimentos da Petrobras no setor petroquímico atropelou minoritários em brigas que até hoje estão penduradas no judiciário e já duram mais de 14 anos. O advogado Carlos Augusto da Silveira Lobo, do escritório Lobo & Ibeas, com forte tradição em disputas societárias, defende um minoritário da Petroquisa que já teve ganho de causa, mas aguarda a resposta do STJ sobre um recurso da Petrobras feito há dois anos. Ele explica que a Petrobras causou prejuízo à Petroquisa porque aceitou moedas "podres" (papéis utilizados na privatização) como pagamento pela venda das participações da empresa.
A Petrobras criou a Petroquisa na década de 60, uma holding para ser o veículo de seus investimentos no setor petroquímico. Ela foi responsável pela implementação das três centrais petroquímicas do país: Petroquímica União, Copene e Copesul. No final da década de 80, a holding já tinha participação acionária em 36 empresas. O modelo societário reunia o governo, por meio da Petroquisa, o empresário nacional e o capital estrangeiro, que dividiam igualmente suas participações. Sua volta ao setor mostra que a empresa pode lançar mão deste mesmo recurso. Na operação da Ipiranga, os minoritários calculam que vão receber por seus papéis um terço do que recebeu o controlador.
Embora seja um nome novo no setor petroquímico, a Braskem traz na bagagem brigas com minoritários por conta da Polialden. A Braskem é resultado da integração de dois grandes e tradicionais grupos do setor petroquímico, Odebrecht e Mariani, que compraram o controle da Copene (a central petroquímica de Camaçari).
A Ipiranga não fez nenhum movimento para se modernizar no mercado de capitais. Continuava uma empresa a moda antiga, com um terço do capital em ações ordinárias (com direito a voto) e dois terços em preferenciais (sem voto) sem direito a "tag along" - divisão do prêmio de controle. A venda da Ipiranga já era esperada há muito tempo, mas muitos gestores de fundos tinham em carteiras ações preferenciais da empresa. Os cotistas desses fundos devem sofrer perdas e seus gestores provavelmente vão recorrer à Justiça para garantir o direito dos investidores.
A Previ, o fundo de pensão que cuida dos investimentos dos funcionários do Banco do Brasil para a aposentadoria, tem uma participação de mais de 20% nas ações preferenciais da empresa. Para os funcionários e aposentados do BB, é fundamental prestar atenção em como a Previ vai se comportar neste episódio, pois o controle do BB é do governo, mas o fundo de pensão deve garantir a aposentadoria dos funcionários, um compromisso de longo prazo em que não é possível cometer grandes erros com o dinheiro.
Na quinta-feira passada, a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) reuniu seus associados para analisar a operação. Alguns pontos, em especial, foram objetos de apreciação da Amec: a utilização de uma operação de incorporação e não de uma oferta pública de ações para cancelamento de registro; um ágio desproporcional no cálculo da relação de substituição proposta para a incorporação das empresas e; ainda a não divulgação, prontamente, do laudo de avaliação que serviu como base para os valores propostos. O laudo está sendo esperado para os próximos dias.
"Esse modelo de reestruturação causa estranheza e insegurança entre os agentes de mercado e ainda suscita questões de ordem ética, de procedimentos e jurídicas, que serão melhor analisadas por esta Associação com o fim de esclarecer ao mercado o que se deve esperar em operações societárias envolvendo companhias abertas", diz o comunicado oficial da Amec.
O modelo da operação de venda da Ipiranga é, na avaliação de alguns analistas, ainda pior do que aquele que foi proposto pelos controladores da Telemar e que não foi sancionado pelo mercado. O abuso a acionistas minoritários definitivamente não é uma particularidade do setor petroquímico, dizem alguns analistas. "O problema são as ações PN", diz Luiz Gustavo Medina, sócio da Questus Investimentos. "Ação preferencial só existe no Brasil e parece que foi criada apenas para que se faça esse uso arbitrário do controlador sobre o minoritário", acrescenta Medina.
Setor petroquímico, uma longa história de conflitos
O setor petroquímico nunca foi um lugar em que acionistas minoritários pudessem viver sem preocupação. Desde a origem, as petroquímicas brasileiras puderam enxergar o mercado acionário como parceiro para seus investimentos, uma forma barata de levantar recursos. Já o mercado se ressente da forma como, em geral, é tratado por controladores das petroquímicas.
O caso da venda do Grupo Ipiranga é mais um ato nesta peça em cartaz há muitos anos, em que atores entram e saem de cena e no caminho espalham prejuízos para acionistas minoritários sem a menor cerimônia. Nesse movimento de aquisição, contam com o governo como patrocinador desses espetáculos e mais duas empresas que são negociadas no Nível 1 da Bovespa (Braskem e Ultra), faixa onde companhias comprometidas com governança corporativa listam seus papéis.
O recuo dos investimentos da Petrobras no setor petroquímico atropelou minoritários em brigas que até hoje estão penduradas no judiciário e já duram mais de 14 anos. O advogado Carlos Augusto da Silveira Lobo, do escritório Lobo & Ibeas, com forte tradição em disputas societárias, defende um minoritário da Petroquisa que já teve ganho de causa, mas aguarda a resposta do STJ sobre um recurso da Petrobras feito há dois anos. Ele explica que a Petrobras causou prejuízo à Petroquisa porque aceitou moedas "podres" (papéis utilizados na privatização) como pagamento pela venda das participações da empresa.
A Petrobras criou a Petroquisa na década de 60, uma holding para ser o veículo de seus investimentos no setor petroquímico. Ela foi responsável pela implementação das três centrais petroquímicas do país: Petroquímica União, Copene e Copesul. No final da década de 80, a holding já tinha participação acionária em 36 empresas. O modelo societário reunia o governo, por meio da Petroquisa, o empresário nacional e o capital estrangeiro, que dividiam igualmente suas participações. Sua volta ao setor mostra que a empresa pode lançar mão deste mesmo recurso. Na operação da Ipiranga, os minoritários calculam que vão receber por seus papéis um terço do que recebeu o controlador.
Embora seja um nome novo no setor petroquímico, a Braskem traz na bagagem brigas com minoritários por conta da Polialden. A Braskem é resultado da integração de dois grandes e tradicionais grupos do setor petroquímico, Odebrecht e Mariani, que compraram o controle da Copene (a central petroquímica de Camaçari).
A Ipiranga não fez nenhum movimento para se modernizar no mercado de capitais. Continuava uma empresa a moda antiga, com um terço do capital em ações ordinárias (com direito a voto) e dois terços em preferenciais (sem voto) sem direito a "tag along" - divisão do prêmio de controle. A venda da Ipiranga já era esperada há muito tempo, mas muitos gestores de fundos tinham em carteiras ações preferenciais da empresa. Os cotistas desses fundos devem sofrer perdas e seus gestores provavelmente vão recorrer à Justiça para garantir o direito dos investidores.
A Previ, o fundo de pensão que cuida dos investimentos dos funcionários do Banco do Brasil para a aposentadoria, tem uma participação de mais de 20% nas ações preferenciais da empresa. Para os funcionários e aposentados do BB, é fundamental prestar atenção em como a Previ vai se comportar neste episódio, pois o controle do BB é do governo, mas o fundo de pensão deve garantir a aposentadoria dos funcionários, um compromisso de longo prazo em que não é possível cometer grandes erros com o dinheiro.
Na quinta-feira passada, a Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) reuniu seus associados para analisar a operação. Alguns pontos, em especial, foram objetos de apreciação da Amec: a utilização de uma operação de incorporação e não de uma oferta pública de ações para cancelamento de registro; um ágio desproporcional no cálculo da relação de substituição proposta para a incorporação das empresas e; ainda a não divulgação, prontamente, do laudo de avaliação que serviu como base para os valores propostos. O laudo está sendo esperado para os próximos dias.
"Esse modelo de reestruturação causa estranheza e insegurança entre os agentes de mercado e ainda suscita questões de ordem ética, de procedimentos e jurídicas, que serão melhor analisadas por esta Associação com o fim de esclarecer ao mercado o que se deve esperar em operações societárias envolvendo companhias abertas", diz o comunicado oficial da Amec.
O modelo da operação de venda da Ipiranga é, na avaliação de alguns analistas, ainda pior do que aquele que foi proposto pelos controladores da Telemar e que não foi sancionado pelo mercado. O abuso a acionistas minoritários definitivamente não é uma particularidade do setor petroquímico, dizem alguns analistas. "O problema são as ações PN", diz Luiz Gustavo Medina, sócio da Questus Investimentos. "Ação preferencial só existe no Brasil e parece que foi criada apenas para que se faça esse uso arbitrário do controlador sobre o minoritário", acrescenta Medina.
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25.3.07
Previsão
A The Economist apresenta um caso real da empresa Bombardier Recreational Products, com sede em Quebec, Canadá. A empresa gastou 195 milhões de dólares durante 11 anos para desenvolver o Can-Am Spyder Roadster, um veículo de três rodas (foto). Agora a empresa colocou a venda o produto por 15 mil dólares. O chefe da empresa, Jose Boisjoli admitiu que a empresa não tinha idéia da demanda do produto. É isso mesmo.
Começam a aparecer suspeitos
Do Estado de S. Paulo de 24/03/2007 sobre o caso Ipiranga:
Gerente é suspeito nº 1 de vazamento
Mônica Ciarelli RIO
Um dos principais suspeitos de ter se beneficiado no mercado de capitais com o uso de informação privilegiada sobre a venda da Ipiranga ocupa cargo de gerência em uma das três empresas compradoras: Petrobrás, Braskem ou Ultra. A Justiça do Rio já bloqueou a conta do funcionário a pedido do Ministério Público e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Outro investidor também teve suas operações bloqueadas ontem. Com isso, ao todo são quatro acionistas que tiveram suspensas pela Justiça a liquidação de seus negócios com ações do Grupo Ipiranga nos últimos dias. Os ganhos de investidores sob suspeita de operação irregular já superam R$ 2,5 milhões. A CVM informou que o gerente suspeito não consta da lista fornecida pela empresa com os nomes dos executivos com conhecimento da operação de venda do Grupo Ipiranga.
A investigação da autarquia verificou que o funcionário vendeu entre 13 e 14 de março todas as ações preferenciais da Refinaria Ipiranga que havia comprado no mercado a termo em fevereiro de 2003. Também em 13 de março, o funcionário comprou ações ordinárias da Ipiranga, vendidas em 19 de março, data em que o negócio se tornou oficial. Logo após o anúncio da conclusão da venda, os papéis preferenciais perderam valor, enquanto as ações ordinárias subiram na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Investidores consideram que a operação foi prejudicial para os acionistas preferencialistas, o que fez o preço das ações cair. Segundo fontes, a troca de papéis PN por ordinários é um claro indício de que o investidor sabia detalhes da venda. O total de recursos bloqueados pela Justiça foi de R$ 295 mil. Pelos cálculos da CVM, o funcionário teve um ganho de 70% com a operação. Isso sem contar "prejuízos evitados com a venda das ações preferenciais antes do anúncio da operação", diz a CVM em nota.
O outro investidor com contas bloqueadas é um cliente de uma corretora que em 14 e 15 de março comprou papéis ordinários da Ipiranga e os vendeu em 20 de março, um dia após a divulgação oficial da operação. Segundo a CVM, a própria corretora avisou a autarquia sobre a suspeita de uso de informação privilegiada. O total bloqueado é de R$ 860 mil e a operação gerou um lucro de 38% para o investidor. Ontem, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, reiterou o apoio ao trabalho da CVM na apuração do suposto vazamento. Segundo Gabrielli, "se alguém da Petrobrás estiver envolvido, terá punição exemplar.
A Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) considerou "estranho e inseguro" o modelo proposto para reestruturação das empresas do Grupo Ipiranga. As gestoras de recursos que formam a Amec estão entre as principais acionistas das empresas do grupo, casos da Hedging-Griffo e Pólo. COLABOROU DANIELA MILANESE
24.3.07
Ebitda
Notícia da Gazeta (23/03/2007) revela que CVM adota critério de múltiplo na avaliação. O uso de um múltiplo numa decisão tão importante é temerário.
Governança Corporativa
Decisão da CVM derruba ações
São Paulo, 23 de Março de 2007 - Autarquia acatou uso do critério de múltiplo de Ebitda pedido pela empresa, mas preço da OPA será maior. Em decisão surpreendente, o Colegiado da Comissão de Valores Mobiliários (CMV) acatou o recurso da siderúrgica indiana Mittal, que reclamava o uso do critério de múltiplos de Ebitda (geração de caixa) na oferta pública de aquisição (OPA) que terá de estender aos acionistas da Arcelor no Brasil. A medida contraria o entendimento da área técnica da própria autarquia, que por duas vezes determinou o uso do cálculo de valor de mercado para realizar a operação.
Para a siderúrgica indiana, no entanto, a vitória saiu com gosto de derrota. Isso porque, o Colegiado fez ajustes no cálculo da Mittal e chegou a um preço justo na oferta brasileira de R$ 49,7523 por ação, muito mais próximo dos R$ 51,27 fixado pela área técnica do que dos R$ 33 defendidos pela Mittal. Se mantido o novo preço, o custo total da OPA será de US$ 5,05 bilhões, mais de US$ 1,6 bilhão a mais do que a reclamante pretendia pagar. Como não cabe recurso à decisão do Colegiado, resta à Mittal aprontar o edital da OPA em 15 dias ou recorrer à Justiça. À noite, a empresa emitiu nota dizendo-se bastante satisfeita com a decisão do colegiado, mas não informou se iria acatá-la. "A Arcelor Mittal está analisando a decisão da autarquia e comentará futuramente", diz trecho do comunicado.
22.3.07
Ipiranga
A operação de aquisição do grupo Ipiranga no final de semana tem todas as características de uma grande polêmica: notícia vazada na imprensa; aumento no volume de negociação das ações antes do anúncio, com prejuízo e lucro para alguns; preços diferenciados para controladores e minoritários, onde o ágio pago parece ser excessivo; controle do mercado por parte de algumas empresas, o que pode levar o caso para o CADE; entre outros aspectos. Clique aqui para ler reportagem do Estado de 20/3/2007 sobre o assunto
9.3.07
El Corte Inglés
El Corte Inglés é uma rede de comércio com uma forte presença na Espanha. É um grupo familiar e sem ações na bolsa.
Os jornais espanhóis estão noticiando a venda de parte das ações de um dos herdeiros. César Areces Fuentes propôs a venda de suas ações e foi seguido por outros três irmãos. Pela normas da empresa, quando um acionista vende suas ações, a empresa tem direito a oferta. O preço das ações é fixado por um auditor externo.
El Corte Inglés solicitou essa avaliação a um professor da Universidad Autónoma de
Madrid, Leandro Cañibano. Esse professor usou o método do ativo real líquido (activo real neto) e chegou a um preço de 5.573 milhões de euros.
Os irmãos Areces Fuentes discordaram da avaliação e pediram a outros professores do IESE, que estimaram o valor da empresa em 14.600 milhões de euros. A empresa considerou essa avaliação uma "valoración especulativa", baseada "en estimaciones futuribles de carácter indeterminado e incontrolable".
Pela quantidade de ações, a parte dos irmãos Areces Fuentes pode valer de 159,95 milhões de euros a 419,27.
Fonte: Agencia EFE (8/3), Europa Press (8/3), Expansión (9/3), Cinco Días (9/3) e El Periódico de Catalunya (9/3/2007)
Os jornais espanhóis estão noticiando a venda de parte das ações de um dos herdeiros. César Areces Fuentes propôs a venda de suas ações e foi seguido por outros três irmãos. Pela normas da empresa, quando um acionista vende suas ações, a empresa tem direito a oferta. O preço das ações é fixado por um auditor externo.
El Corte Inglés solicitou essa avaliação a um professor da Universidad Autónoma de
Madrid, Leandro Cañibano. Esse professor usou o método do ativo real líquido (activo real neto) e chegou a um preço de 5.573 milhões de euros.
Os irmãos Areces Fuentes discordaram da avaliação e pediram a outros professores do IESE, que estimaram o valor da empresa em 14.600 milhões de euros. A empresa considerou essa avaliação uma "valoración especulativa", baseada "en estimaciones futuribles de carácter indeterminado e incontrolable".
Pela quantidade de ações, a parte dos irmãos Areces Fuentes pode valer de 159,95 milhões de euros a 419,27.
Fonte: Agencia EFE (8/3), Europa Press (8/3), Expansión (9/3), Cinco Días (9/3) e El Periódico de Catalunya (9/3/2007)
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Coca-Cola e Matte Leão
Segundo o Wall Street Journal de hoje (Business Brief - Coca-Cola Co: Talks Are on to Buy Brazil´s Matte Leao) a Coca-Cola está negociando a aquisição da empresa Leão Junior, produtora do Matte Leão. No final de 2006 a Matte Leão tinha 45,7% do mercado, comparado com 24,7% da Lipton e 24,4% da Nestea.
Nos últimos meses a Coca comprou a Suco Mais (2005, agosto) e Del Valle (2006)
Nos últimos meses a Coca comprou a Suco Mais (2005, agosto) e Del Valle (2006)
Vale e Inco
O jornal Valor Econômico de hoje comenta uma entrevista dada pelo executivo da empresa para anunciar e explicar o resultado da empresa ("Vale quer liquidar empréstimo-ponte").
A reportagem comenta que a empresa deseja liquidar o empréstimo-ponte que foi realizado para comprar a Inco, conforme declaração de Fábio Barbosa, diretor executivo de finanças. Com isso a empresa pretende diminuir o endividamento.
Na entrevista Barbosa declarou que :
Será possível fazer essa afirmação? O gráfico abaixo mostra o desempenho da Vale em relação a SP500, o índice das bolsa de valores de Nova Iorque. A figura mostra que desde o início de outubro de 2006 a empresa já tinha uma tendência de crescimento em relação ao mercado (linha azul é a Vale, vermelha, o mercado).
Entretanto, comparar a Vale com a SP500 pode ser enganoso pois o setor de mineração e sua transformação tem um desempenho muito positivo nos últimos meses. O gráfico a seguir compara a Vale com um empresa do setor (STLD). Seria agora possível fazer essa afirmação? Dificilmente.
A reportagem comenta que a empresa deseja liquidar o empréstimo-ponte que foi realizado para comprar a Inco, conforme declaração de Fábio Barbosa, diretor executivo de finanças. Com isso a empresa pretende diminuir o endividamento.
Na entrevista Barbosa declarou que :
"Se a Vale tivesse evoluído seguindo a média do mercado, nosso valor de mercado no final de fevereiro seria de US$64 bilhões e não de US$79,2 bilhões. São US$15 bilhões a correlação de valor gerado com esta aquisição"
Será possível fazer essa afirmação? O gráfico abaixo mostra o desempenho da Vale em relação a SP500, o índice das bolsa de valores de Nova Iorque. A figura mostra que desde o início de outubro de 2006 a empresa já tinha uma tendência de crescimento em relação ao mercado (linha azul é a Vale, vermelha, o mercado).
Entretanto, comparar a Vale com a SP500 pode ser enganoso pois o setor de mineração e sua transformação tem um desempenho muito positivo nos últimos meses. O gráfico a seguir compara a Vale com um empresa do setor (STLD). Seria agora possível fazer essa afirmação? Dificilmente.
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