Gerente é suspeito nº 1 de vazamento
Mônica Ciarelli RIO
Um dos principais suspeitos de ter se beneficiado no mercado de capitais com o uso de informação privilegiada sobre a venda da Ipiranga ocupa cargo de gerência em uma das três empresas compradoras: Petrobrás, Braskem ou Ultra. A Justiça do Rio já bloqueou a conta do funcionário a pedido do Ministério Público e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Outro investidor também teve suas operações bloqueadas ontem. Com isso, ao todo são quatro acionistas que tiveram suspensas pela Justiça a liquidação de seus negócios com ações do Grupo Ipiranga nos últimos dias. Os ganhos de investidores sob suspeita de operação irregular já superam R$ 2,5 milhões. A CVM informou que o gerente suspeito não consta da lista fornecida pela empresa com os nomes dos executivos com conhecimento da operação de venda do Grupo Ipiranga.
A investigação da autarquia verificou que o funcionário vendeu entre 13 e 14 de março todas as ações preferenciais da Refinaria Ipiranga que havia comprado no mercado a termo em fevereiro de 2003. Também em 13 de março, o funcionário comprou ações ordinárias da Ipiranga, vendidas em 19 de março, data em que o negócio se tornou oficial. Logo após o anúncio da conclusão da venda, os papéis preferenciais perderam valor, enquanto as ações ordinárias subiram na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Investidores consideram que a operação foi prejudicial para os acionistas preferencialistas, o que fez o preço das ações cair. Segundo fontes, a troca de papéis PN por ordinários é um claro indício de que o investidor sabia detalhes da venda. O total de recursos bloqueados pela Justiça foi de R$ 295 mil. Pelos cálculos da CVM, o funcionário teve um ganho de 70% com a operação. Isso sem contar "prejuízos evitados com a venda das ações preferenciais antes do anúncio da operação", diz a CVM em nota.
O outro investidor com contas bloqueadas é um cliente de uma corretora que em 14 e 15 de março comprou papéis ordinários da Ipiranga e os vendeu em 20 de março, um dia após a divulgação oficial da operação. Segundo a CVM, a própria corretora avisou a autarquia sobre a suspeita de uso de informação privilegiada. O total bloqueado é de R$ 860 mil e a operação gerou um lucro de 38% para o investidor. Ontem, o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, reiterou o apoio ao trabalho da CVM na apuração do suposto vazamento. Segundo Gabrielli, "se alguém da Petrobrás estiver envolvido, terá punição exemplar.
A Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec) considerou "estranho e inseguro" o modelo proposto para reestruturação das empresas do Grupo Ipiranga. As gestoras de recursos que formam a Amec estão entre as principais acionistas das empresas do grupo, casos da Hedging-Griffo e Pólo. COLABOROU DANIELA MILANESE
25.3.07
Começam a aparecer suspeitos
Do Estado de S. Paulo de 24/03/2007 sobre o caso Ipiranga: