12.1.07

Intangíveis

No Valor Economico de 12/01/2007 reportagens sobre intangíveis. A mesma conversa de sempre: representa hoje a maior parte do ativo das empresas, não é mensurado pela contabilidade, etc.

Intangíveis

Em busca do padrão contábil
Valor Econômico - 12/01/2007


(...) Diversas universidades americanas têm trabalhado para desenvolver um padrão contábil que contemple todas essas questões até agora invisíveis nos balanços. A Security Exchange Comission (SEC), órgão americano equivalente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), deverá avaliar essas propostas e definir um padrão local, que, por conseqüência, poderá ser adotado por todo o mundo. (...)

Não é consenso que as ciências contábeis tenham responsabilidade pela consideração dos ativos intangíveis. Para Eduardo Kayo, professor da Universidade Mackenzie e doutor pela Universidade de São Paulo, a contabilidade tem compromisso com o passado e os bens intangíveis são, por princípio, ativos que podem gerar mais valor para a empresa no futuro.

Trata-se, portanto, de um dilema absolutamente moral para as ciências contábeis, avalia o consultor. Contudo, medir e acompanhar esses elementos é um anseio das corporações contemporâneas, à medida que se infere o valor desses atributos.


Outra reportagem, agora sobre fusões:

Fusões revelam valores ocultos

Valor Econômico - 12/01/2007


Se no balanço das empresas os ativos intangíveis são bastante obscuros, na hora de um acordo de fusão ou aquisição, necessariamente algum valor terá de ser a eles atribuído. Na ocasião da compra da marca União da Coopersucar pelo Grupo Nova América Agroenergia, o presidente da companhia compradora, Roberto de Rezende Barbosa, afirmou que a aquisição coroava o objetivo da empresa de reforçar sua atuação no varejo. Inferiu-se a necessidade de ter uma imagem mais forte para a venda da commodity. "A marca União é tradicional, possui um share of mind importante, o que nos motivou a realizar a compra e investir no negócio", disse ele em março de 2005, quando ocorreu a operação. Na ocasião, Barbosa incorporou também as áreas comercial, de marketing e de distribuição da União e manteve as equipes para preservar o capital intelectual.

Que os fatores intangíveis entram na conta da aquisição de uma empresa, também não há dúvida. Clássicos exemplos são a incorporação da Kraft pela Philip Morris por US$ 12,6 bilhões em 1988 e, no Brasil, a Unilever adquirindo a Kibon por US$ 930 milhões em 1997. No primeiro caso, a Kraft tinha patrimônio contabilizado em pouco mais de US$ 1 bilhão. No exemplo da Kibon, a indústria de sorvetes tinha um valor patrimonial de cerca de US$ 300 milhões, mas tinha uma imagem associada à idéia de que "seus produtos são gostosos e fazem bem". A diferença entre os valores contábeis e os valores de aquisição pode ser atribuída em grande parte aos ativos intangíveis, recebidos em paralelo com os bens físicos das companhias.

(...) No fim do ano passado, o acordo entre Submarino e Americanas.com, que criou uma empresa de mais de R$ 6 bilhões, pode ser considerado uma fusão com base em ativos intangíveis por excelência, diz Eduardo Kayo, especialista no tema. Ao longo dos últimos anos, a Submarino - empresa até então de capital pulverizado com o máximo grau de governança corporativa da Bovespa - chegou a valer no mercado dez vezes o seu balanço patrimonial. Em geral, as empresas com mais governança e mais recentes no mercado brasileiro apresentam maior destaque entre aquelas com valor de mercado mais alto em relação ao balanço patrimonial.

"A geração de riqueza do negócio entre Americanas.com e Submarino virá principalmente do conhecimento tecnológico de ambos os grupos, do relacionamento com clientes, dos canais de distribuição." Kayo produziu, em parceria com Maurício Rea Patrocínio e Herbert Kimura, um estudo sobre 140 fusões de 1994 a 2004. "As operações de fusões e aquisições podem se constituir em importantes mecanismos de incorporação de ativos intangíveis pela empresas adquirentes", concluiu o estudo do trio, que viu avanços importantes nos grupos formados com a congregação de intangíveis de antigas concorrentes.

No entanto, a pesquisa também ressalta que a aquisição de empresa cujo foco dos negócios tenha base em intangíveis por outra mais voltada aos tangíveis, como siderúrgicas e metalúrgicas, poderia resultar em destruição de valor para a empresa compradora. É comum verificar-se uma queda no valor da ação de uma empresa momentos após o mercado tomar conhecimento do negócio, prevendo, antes da receita futura, o advento de gastos maiores com a incorporação. "Mas quando adquirido um valor intangível que será bem gerenciado, essa empresa gerará mais valor ao longo do tempo e sofrerá menos", afirma a pesquisa.


Finalmente, a afirmação de que a bolsa é o melhor parâmetro para medir o intangível. Não seria o mais fácil?

A riqueza invisível do mercado
Valor Econômico - 12/01/2007


A bolsa é o melhor parâmetro para medir o valor oculto das companhias abertas. A Nike, que produz tênis em diversos países por meio de parcerias, por exemplo, tem um valor no mercado quase quatro vezes o equivalente ao seu balanço contábil, segundo a Economática. O McDonald's vale 3,47 vezes seu patrimônio. Esse índice é de 6,28 para a Coca-Cola e 8,19 para a Microsoft. Mas por que investidores pagam tanto por algo que não é material?