10.5.07

Petrobrás e Bolívia

Continua a negociação da Petrobrás com a Bolívia sobre o valor das refinarias. A Petrobrás deseja US$120 milhões (Estatal quer US$ 120 milhões Este é o valor mínimo que empresa aceitará por refinarias, Kelly Lima, Estado de S. Paulo, 8/5/2007)

Na realidade este valor é uma especulação da reportagem uma vez que a empresa não revelou o valor da proposta. Um aspecto interessante é que a diferença entre o que a empresa propõe e a proposta da Bolívia é grande. Segundo a reportagem

A diferença relativamente grande entre as cifras é proposital. "A idéia é ter uma margem para negociação", informou a fonte. O valor é bem inferior ao original, que, segundo informações de mercado, girava em torno dos US$ 200 milhões.

Além disto, a Petrobrás deu um tempo reduzido para a resposta da Bolívia. Isto seria um sinal de que a empresa não espera algo de novo nas negociações.

"O valor apresentado pela Petrobrás foi um número hipotético, que considerava os investimentos feitos na modernização da refinaria e calculava 100% sobre o total de US$ 100 milhões pago por ambas", explicou a fonte ouvida pelo Estado.

Segundo dois especialistas de mercado também consultados, o preço, mesmo inferior à proposta inicial, está dentro do considerado como "justo" para a venda das refinarias. "É claro que os US$ 200 milhões trariam melhor remuneração, mas, diante da atual situação, repassar o controle dessas unidades é hoje mais vantajoso para a Petrobrás", disse Marco Aurélio Tavares, da consultoria Gas Energy. Segundo um analista de instituição financeira, que pediu para não ser identificado, a Petrobrás teria de assumir um risco muito alto caso decidisse continuar a operar as refinarias porque, se houvesse um acidente, o reflexo sobre o nome da empresa teria dimensões maiores do que as atividades que ela possui efetivamente na Bolívia.


Ou seja, para Petrobrás é interessante desfazer do negócio. Entretanto, esta aposta elevada significa também que a empresa poderá contrariar as expectativas dos seus acionistas. Em outra reportagem (Estatal quer dinheiro à vista Sociedade em refinaria foi descartada depois do decreto, Agnaldo Brito, Estado de S. Paulo, 10/5/2007) já se especula que a empresa receberá somente metade do solicitado e a Bolívia irá pagar o dobro do proposto. Além disto, a Petrobrás exigiu pagamento em dinheiro, e não em petróleo ou gás natural.

A Bolívia tem prazo até as 12 horas de hoje [10/5] para dizer se aceita ou não a oferta da Petrobrás. Se não houver acordo, a Petrobrás vai recorrer a arbitragem internacional.

O Estado apurou que no encontro de ontem ocorreu em clima cordial, mas o diálogo foi franco. O presidente Petrobrás Bolívia disse que as decisões de La Paz quebraram a confiança e inviabilizaram qualquer possibilidade de manter uma relação societária.

Qual a metodologia mais adequada para avaliar este ativos? Lembrando que para cada uma das partes, o valor deverá ser diferente. Para Petrobrás fica claro que o risco é elevado. Isto tende a diminuir o valor presente das refinarias.