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Após a Fusão
Absorver Banespa foi como "cobra engolir boi"
Folha de S Paulo, 08/10/2007
O Santander pagou R$ 7,05 bilhões em novembro de 2000 pelo controle do Banespa, um valor mais de duas vezes superior ao lance de R$ 2,1 bilhão feito no leilão de privatização pelo Unibanco, o segundo colocado. O valor do desembolso chocou os bancos brasileiros, mas os maiores custos vieram bem depois na incorporação do banco paulista.
Após a aquisição, os espanhóis descobriram que o Banespa era um elefante branco ainda maior do que o imaginado. Eles tinham em mãos um gigante ineficiente, adormecido na burocracia e perdido no corporativismo, que demandava forte investimento em tecnologia e em treinamento de pessoal. Para o Santander, porém, era uma oportunidade única de penetrar em São Paulo, o maior mercado do país.
"A incorporação do Banespa foi muito custosa. Levou anos. Era como uma cobra engolindo um boi. Levou muito tempo para digerir", disse Luís Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating.
A incorporação total do Banespa demorou mais de cinco anos e custou 20 mil empregos, o número total de demissões feitas pelo grupo desde que chegou ao Brasil, segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo (ligado à CUT).
(...) A completa integração dos sistemas só terminou em meados do ano passado, quando foi extinta a marca Banespa.
Nos últimos anos, investiu pesado na compra de folhas de pagamento de servidores públicos e privados, e conseguiu aumentar sua participação de mercado em praticamente todos os produtos, especialmente em fundos e cartões de crédito.
Para Ceres Lisboa, analista da agência de classificação de risco Moody´s, o maior risco na compra do Real é repetir o que aconteceu com o Banespa. "Nos primeiros anos, a instituição tende a se voltar para ela própria. Há um risco de perder depois oportunidades", disse.
Para Santacreu, além da dificuldade em si da incorporação, o Santander corre o perigo de desprezar conquistas e a experiência de áreas em que o ABN está na frente, como o atendimento de qualidade para clientes de alta renda. "O Santander corre o risco de estragar muita coisa que dava certo", disse.