17.8.14

Lucro, Pasadena, Decisão


Na recente divulgação do resultado da empresa Petrobras informou-se que a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi a única a registrar lucro no primeiro semestre, de US$130 milhões.  Os acusados de terem feito um negócio ruim na compra da refinaria indicaram que irão usar esta informação na defesa junto ao TCU. Isto não se sustenta por três fortes motivos, novamente relacionados à melhor técnica de decisão de investimento, que os gestores insistem em negar.

Em primeiro lugar, a informação refere-se ao lucro. Mas tradicionalmente neste tipo de decisão é utilizado o valor do caixa. Neste caso, deve-se verificar o montante de caixa que a unidade estaria gerando, nunca o lucro. Este é um erro muito grosseiro, que não deveria ser cometido por gestores e ex-gestores “qualificados”.  Espera-se que o Tribunal de Contas da União não seja tão inocente em aceitar este argumento.


Em segundo lugar, trata-se de uma informação pontual, de seis meses somente. Isto se torna mais grave quando sabemos que foi a primeira vez que a unidade registrou lucro, desde que a informação foi consolidada em 2012. Como existe o pressuposto do “valor do dinheiro no tempo”, a geração de um resultado positivo somente agora, muitos períodos depois da compra, depõe ainda mais contra a decisão.


Finalmente, e talvez mais importante, a análise do TCU deve focar no momento em que a decisão foi tomada pela empresa. Ou seja, há oito anos, quando a empresa adquiriu metade da refinaria por 360 milhões de dólares  e cujo contrato obrigava a compra do restante, que resultado no grande prejuízo para a empresa. Somente ao recuar no tempo é que o TCU poderá determinar a qualidade da decisão. É bem verdade que esta análise deverá ser mais probabilística do que determinista. A tarefa do TCU é inglória já que é muito difícil de comprovar, na prática, que a compra foi realizada com a intenção de provocar prejuízo na empresa. Erros no processo decisório podem ocorrer por várias razões, como acasos, informações incompletas, incompetência dos gestores e até por motivos escusos.