É interessante que a constituição da provisão, referente a litígios, pode ter uma reação positiva do mercado. Eis o que ocorreu com o UBS, segundo a Bloomberg:
A ação do UBS, maior banco da Suíça, subiu mais de 4% na bolsa de valores de Zurique ontem, depois que o banco anunciou o provisionamento de 1,84 bilhão de francos suíços (US$ 1,94 bilhão) para cobrir litígios, diminuindo a preocupação dos investidores com os custos futuros com problemas jurídicos.
Parece irracional, mas não é. Quando uma instituição está sujeita a uma série de litígios, como é o caso do UBS, cria-se uma incerteza sobre o valor total. As estimativas podem variar bastante. O anúncio da instituição do valor da provisão reduz esta incerteza. Desde que o mercado realmente acredite na avaliação da instituição. Esta é a condição sine qua non para que isto ocorra.
30.10.14
14.10.14
Valor da Informação
Um texto do Wall Stree Journal (Quanto vale a informação coletada pelo "big data"?, Vipal Monga, publicado no Valor Econômico de 14 de outubro de 2014) discute o valor da informação, em particular a informação coletada pelo "big data". A seguir alguns trechos:
O que você compra no supermercado, quais posts você "curte" no Facebook, como você usa o GPS no carro: há empresas baseando todo o seu modelo de negócios na coleta e vendas de dados como esses.
O problema é que ninguém sabe realmente quanto valem todas essas informações. Dados não são um bem físico como fábricas ou dinheiro, e não há nenhum método oficial para estimar o seu valor.
(...) O total de dados e outros "ativos intangíveis" das empresas, como patentes, marcas registradas e direitos autorais, podem valer mais de US$ 8 trilhões, diz Leonard Nakamura, economista da regional do Federal Reserve, o banco central americano, na Filadélfia. O valor é quase igual ao produto interno bruto da Alemanha, França e Itália juntas.
(...) "Queremos algum tipo de informação contábil sobre isso para podermos ter uma ideia melhor de como as empresas estão investindo para crescer", diz Nakamura [economista do FED].
(...) A Kroger afirma que segue os princípios de contabilidade geralmente aceitos, que proíbem as empresas de tratar dados como ativos ou contabilizar o dinheiro gasto na coleta e análise de dados como um investimento e não um custo.
O Conselho de Normas de Contabilidade Financeira dos Estados Unidos (Fasb, na sigla em inglês) vem tendo dificuldade para ajustar suas regras a uma economia cada vez mais baseada na informação e propriedade intelectual. O Fasb debateu os ativos intangíveis duas vezes entre 2002 e 2007, mas abandonou a questão diante das complicações. Em setembro, o conselho consultivo do Fasb novamente recomendou o estudo dos intangíveis, diz Christine Klimek, porta-voz do órgão.
Entre as muitas dificuldades está a avaliação da vida útil e do valor futuro dos dados das empresas e o acompanhamento das alterações no valor deles. Calcular esses números seria relativamente fácil para um ativo físico como uma fábrica, mas no mundo nada sólido dos intangíveis há poucos precedentes para esses cálculos.
As discussões sobre as dificuldades de reconhecimento de ativos intangíveis também sempre estiveram presentes no cenário contábil do Brasil, sobretudo para aqueles ativos formados internamente na empresa e não em decorrência de uma aquisição, disse num e-mail a vice-presidente Técnica do Conselho Federal de Contabilidade, Verônica Souto Maior. O tratamento contábil que as empresas devem dar a recursos aplicados em intangíveis está na norma brasileira, que, ao contrário da americana, segue o padrão IFRS, do Conselho Internacional de Normas Contábeis (IASB, na sigla em inglês), acrescentou ela.
A falta de consenso sobre como mensurar o valor dos dados cria um grande ponto cego para os investidores de pesos pesados como Facebook, eBay e Google, cuja maior parte da receita vem dos dados que coletam.
"Muito do que acontece nas empresas não está sendo refletido nas divulgações públicas [de resultados] nem na contabilidade", diz Glen Kernick, diretor administrativo do banco de investimentos Duff &Phelps Co.
Subtraídas as dívidas, Facebook, eBay e Google possuem um total de US$ 125 bilhões em ativos. Mas o valor combinado das ações das três é de US$ 660 bilhões. A diferença reflete a consciência do mercado de que os ativos mais valiosos dessas empresas - como algoritmos de buscas, patentes e um enorme volume de informações sobre usuários e clientes - não aparecem nos seus balanços. Isso leva muitos investidores a avaliar as empresas com base em outros critérios mais voláteis, como fluxo de caixa e perspectivas econômicas.
De fato, muitos especialistas dizem que os investidores não precisam saber o valor específico de ativos intangíveis como dados, argumentando que a cotação da ação de uma empresa reflete a avaliação que o mercado faz desses ativos.
"Os dados não valem nada se você não souber como usá-los para ganhar dinheiro", diz Laura Martin, analista da Needham & Co., acrescentando que os dados perdem valor com o tempo e que por isso são mais difíceis de serem avaliados num dado momento. (...)
O texto é bastante longo, mas interessante para o leitor deste blog. Faz sentido? Vamos recuar um pouco no tempo e contar uma pequena história que aconteceu no início do século XIX. Naqueles tempos vivia em Londres um rico banqueiro chamado Nathan Rothschild. Nathan tinha uma série de negócios e sabia o valor da informação. E construiu para si uma poderosa rede de comunicação. Em 1815 sabia-se que a tropa francesa de Bonaparte iria enfrentar os ingleses, do Duque de Wellington, em Waterloo (imagem). Os investidores de Londres aguardavam ansiosamente a notícia do vencedor da batalha. Se os franceses fossem os vencedores, os tempos seriam difíceis, já que os ingleses teriam que pagar reparações de guerra e seus interesses comerciais seria prejudicado. Ganhando os ingleses, a Inglaterra teria a confirmação do seu domínio comercial sob o mundo.
Nathan recebeu a notícia através da sua rede de comunicação. Ele sabia o resultado da batalha antes de todos. Com esta informação – os ingleses venceram – ele foi ao mercado e fez uma “loucura”. Começou a vender seus investimentos. Imediatamente os investidores deduziram que os ingleses tinha perdido a batalha. E começaram a vender também. Assim que eles iniciaram este movimento, Nathan parou de vender e esperou. Depois de o mercado caiu bastante, Nathan começou a comprar os investimentos, como se fosse uma pechincha. Ele ganhou muito, muito dinheiro. Mais do que já possuía.
Duas lições desta história que pode ajudar a compreensão do texto publicado no Valor Econômico. Em primeiro lugar, a informação sempre foi um item valioso. Talvez não tão claramente como nos dias de hoje, mas tinha sua relevância. Assim, o problema “atual” do texto na realidade é algo antigo, bastante antigo. Em segundo lugar, não é a informação que é valiosa. É a forma como é usada. Se Nathan tivesse usada sua informação para comprar assim que o mercado abriu, seu ganho seria pequeno. Ele conseguiu usar a informação para ganhar muito mais dinheiro, agindo contra a intuição das pessoas. Em termos do texto do jornal, não é o “Big Data” que é valioso. É sua utilização para ganhar dinheiro. É por isto que a mensuração do valor dos dados é tão complexa: o resultado depende de como você utiliza esta informação. Assim, a rigor, “big data” não é a priori um ativo. Ele se torna quando os gestores conseguem transformar o “dado” em “informação”; ou, ganhar dinheiro com os dados.
O que você compra no supermercado, quais posts você "curte" no Facebook, como você usa o GPS no carro: há empresas baseando todo o seu modelo de negócios na coleta e vendas de dados como esses.
O problema é que ninguém sabe realmente quanto valem todas essas informações. Dados não são um bem físico como fábricas ou dinheiro, e não há nenhum método oficial para estimar o seu valor.
(...) O total de dados e outros "ativos intangíveis" das empresas, como patentes, marcas registradas e direitos autorais, podem valer mais de US$ 8 trilhões, diz Leonard Nakamura, economista da regional do Federal Reserve, o banco central americano, na Filadélfia. O valor é quase igual ao produto interno bruto da Alemanha, França e Itália juntas.
(...) "Queremos algum tipo de informação contábil sobre isso para podermos ter uma ideia melhor de como as empresas estão investindo para crescer", diz Nakamura [economista do FED].
(...) A Kroger afirma que segue os princípios de contabilidade geralmente aceitos, que proíbem as empresas de tratar dados como ativos ou contabilizar o dinheiro gasto na coleta e análise de dados como um investimento e não um custo.
O Conselho de Normas de Contabilidade Financeira dos Estados Unidos (Fasb, na sigla em inglês) vem tendo dificuldade para ajustar suas regras a uma economia cada vez mais baseada na informação e propriedade intelectual. O Fasb debateu os ativos intangíveis duas vezes entre 2002 e 2007, mas abandonou a questão diante das complicações. Em setembro, o conselho consultivo do Fasb novamente recomendou o estudo dos intangíveis, diz Christine Klimek, porta-voz do órgão.
Entre as muitas dificuldades está a avaliação da vida útil e do valor futuro dos dados das empresas e o acompanhamento das alterações no valor deles. Calcular esses números seria relativamente fácil para um ativo físico como uma fábrica, mas no mundo nada sólido dos intangíveis há poucos precedentes para esses cálculos.
As discussões sobre as dificuldades de reconhecimento de ativos intangíveis também sempre estiveram presentes no cenário contábil do Brasil, sobretudo para aqueles ativos formados internamente na empresa e não em decorrência de uma aquisição, disse num e-mail a vice-presidente Técnica do Conselho Federal de Contabilidade, Verônica Souto Maior. O tratamento contábil que as empresas devem dar a recursos aplicados em intangíveis está na norma brasileira, que, ao contrário da americana, segue o padrão IFRS, do Conselho Internacional de Normas Contábeis (IASB, na sigla em inglês), acrescentou ela.
A falta de consenso sobre como mensurar o valor dos dados cria um grande ponto cego para os investidores de pesos pesados como Facebook, eBay e Google, cuja maior parte da receita vem dos dados que coletam.
"Muito do que acontece nas empresas não está sendo refletido nas divulgações públicas [de resultados] nem na contabilidade", diz Glen Kernick, diretor administrativo do banco de investimentos Duff &Phelps Co.
Subtraídas as dívidas, Facebook, eBay e Google possuem um total de US$ 125 bilhões em ativos. Mas o valor combinado das ações das três é de US$ 660 bilhões. A diferença reflete a consciência do mercado de que os ativos mais valiosos dessas empresas - como algoritmos de buscas, patentes e um enorme volume de informações sobre usuários e clientes - não aparecem nos seus balanços. Isso leva muitos investidores a avaliar as empresas com base em outros critérios mais voláteis, como fluxo de caixa e perspectivas econômicas.
De fato, muitos especialistas dizem que os investidores não precisam saber o valor específico de ativos intangíveis como dados, argumentando que a cotação da ação de uma empresa reflete a avaliação que o mercado faz desses ativos.
"Os dados não valem nada se você não souber como usá-los para ganhar dinheiro", diz Laura Martin, analista da Needham & Co., acrescentando que os dados perdem valor com o tempo e que por isso são mais difíceis de serem avaliados num dado momento. (...)
O texto é bastante longo, mas interessante para o leitor deste blog. Faz sentido? Vamos recuar um pouco no tempo e contar uma pequena história que aconteceu no início do século XIX. Naqueles tempos vivia em Londres um rico banqueiro chamado Nathan Rothschild. Nathan tinha uma série de negócios e sabia o valor da informação. E construiu para si uma poderosa rede de comunicação. Em 1815 sabia-se que a tropa francesa de Bonaparte iria enfrentar os ingleses, do Duque de Wellington, em Waterloo (imagem). Os investidores de Londres aguardavam ansiosamente a notícia do vencedor da batalha. Se os franceses fossem os vencedores, os tempos seriam difíceis, já que os ingleses teriam que pagar reparações de guerra e seus interesses comerciais seria prejudicado. Ganhando os ingleses, a Inglaterra teria a confirmação do seu domínio comercial sob o mundo.
Nathan recebeu a notícia através da sua rede de comunicação. Ele sabia o resultado da batalha antes de todos. Com esta informação – os ingleses venceram – ele foi ao mercado e fez uma “loucura”. Começou a vender seus investimentos. Imediatamente os investidores deduziram que os ingleses tinha perdido a batalha. E começaram a vender também. Assim que eles iniciaram este movimento, Nathan parou de vender e esperou. Depois de o mercado caiu bastante, Nathan começou a comprar os investimentos, como se fosse uma pechincha. Ele ganhou muito, muito dinheiro. Mais do que já possuía.
Duas lições desta história que pode ajudar a compreensão do texto publicado no Valor Econômico. Em primeiro lugar, a informação sempre foi um item valioso. Talvez não tão claramente como nos dias de hoje, mas tinha sua relevância. Assim, o problema “atual” do texto na realidade é algo antigo, bastante antigo. Em segundo lugar, não é a informação que é valiosa. É a forma como é usada. Se Nathan tivesse usada sua informação para comprar assim que o mercado abriu, seu ganho seria pequeno. Ele conseguiu usar a informação para ganhar muito mais dinheiro, agindo contra a intuição das pessoas. Em termos do texto do jornal, não é o “Big Data” que é valioso. É sua utilização para ganhar dinheiro. É por isto que a mensuração do valor dos dados é tão complexa: o resultado depende de como você utiliza esta informação. Assim, a rigor, “big data” não é a priori um ativo. Ele se torna quando os gestores conseguem transformar o “dado” em “informação”; ou, ganhar dinheiro com os dados.
13.10.14
Taxa de desconto e aposentadoria
Alex Tabarrok lembra que a Holanda utiliza um método rigoroso para determinação do valor presente das aposentadorias. Considerando que os pagamentos de pensão não deveriam comportar risco, utiliza-se a menor taxa de desconto possível. Isto faz com que os pagamentos sejam mais elevados hoje. Usar uma taxa de desconto maior significaria atingir as gerações jovens.
Para Tabarrok isto está correto uma vez que os pagamentos são certos. Esta discussão deveria ser aproveitada pelos brasileiros. Mas parece que a geração atual é egoísta, já que defende o fim do fator previdenciário, aceita a aposentadoria de pessoas que pouco contribuí para a sua aposentadoria (juízes classistas, uma praga que existiu no passado, que trabalhavam quatro anos e tinha aposentadoria completa) e cria benefícios malucos de longo prazo (filhas de militares, desde que solteiras, por exemplo, recebem a pensão do pai).
29.9.14
Sem ajuda
Um texto do Valor Econômico, Fusão sem Banco vira Tendência (Talita Moreira, 17 de setembro de 2014) discute sobre a necessidade de se contratar uma empresa para fazer uma operação de fusão e aquisição. Segundo o texto, o número de transações sem auxílio externo cresceu
De acordo com o estudo, 64% das transações de mais de US$ 100 milhões anunciadas neste ano no país foram estruturadas sem auxílio externo. Juntas, essas operações somam US$ 18,8 bilhões. Esse percentual nunca foi tão alto, aponta a série histórica iniciada em 1995.
Parece que as empresas estão criando equipes para fazer o processo de avaliação. A JBS é uma destas empresas. A Tivit é outra.
Algumas razões para este fenômeno: maturidade do mercado, incluindo a profissionalização da gestão financeira; falta de obrigatoriedade; custo elevado (comissão pode ir de 1% do valor até 15%), entre outros. Um aspecto importante, não apresentado explicitamente no texto, é o fato da operação não necessitar da “grife” de um avaliador de renome, geralmente pessoa jurídica.
De acordo com o estudo, 64% das transações de mais de US$ 100 milhões anunciadas neste ano no país foram estruturadas sem auxílio externo. Juntas, essas operações somam US$ 18,8 bilhões. Esse percentual nunca foi tão alto, aponta a série histórica iniciada em 1995.
Parece que as empresas estão criando equipes para fazer o processo de avaliação. A JBS é uma destas empresas. A Tivit é outra.
Algumas razões para este fenômeno: maturidade do mercado, incluindo a profissionalização da gestão financeira; falta de obrigatoriedade; custo elevado (comissão pode ir de 1% do valor até 15%), entre outros. Um aspecto importante, não apresentado explicitamente no texto, é o fato da operação não necessitar da “grife” de um avaliador de renome, geralmente pessoa jurídica.
20.9.14
Valor de Mercado das Redes Sociais
A figura acima apresenta o valor de mercado de diversas empresas (antes do lançamento da Alibaba). As empresas de tecnologia são destaques, como o primeiro, terceiro e quarto lugar da lista. O Facebook, a maior empresa de rede social em valor de mercado, é a quarta empresa de tecnologia, mas acima de empresas tradicionais como a IBM, Oracle, Intel e outras.
17.9.14
Custo de Oportunidade
Apesar de ser um conceito muito conhecido e citado na literatura, o custo de oportunidade geralmente não é mensurado, por uma série de razões. Uma delas é a falta de oportunidade de se ter uma situação prática onde seria possível medir, claramente, a escolha que uma pessoa faz em termos das alternativas disponíveis.
Num trabalho que fiz em co-autoria com dois professores da Universidade Federal de Goiás, Michelle Machado e Lúcio Machado, foi possível obter o custo de oportunidade numa situação prática. A situação acontece na justiça, mais especificamente na Procuradoria da União em Goiás, onde as pessoas são chamadas a aceitar ou não os cálculos realizados pela PU. Aceitar significa receber mais cedo; contestar pode trazer um valor maior no futuro, mas o tempo de espera é maior.
Para medir esta diferença, utilizou-se a taxa interna de retorno, que produziu um valor de 3,23% para 654 processos. Este seria o custo de oportunidade desta situação. Além disto, a pesquisa observou que aqueles que recebem um grande valor tendem a ser atraídos pelo fluxo de caixa mais imediato, aceitando o acordo. Outro aspecto interessante é que o gênero influencia: o homem recebe mais, mas com um prazo de recebimento maior.
Leia mais aqui o texto.
Num trabalho que fiz em co-autoria com dois professores da Universidade Federal de Goiás, Michelle Machado e Lúcio Machado, foi possível obter o custo de oportunidade numa situação prática. A situação acontece na justiça, mais especificamente na Procuradoria da União em Goiás, onde as pessoas são chamadas a aceitar ou não os cálculos realizados pela PU. Aceitar significa receber mais cedo; contestar pode trazer um valor maior no futuro, mas o tempo de espera é maior.
Para medir esta diferença, utilizou-se a taxa interna de retorno, que produziu um valor de 3,23% para 654 processos. Este seria o custo de oportunidade desta situação. Além disto, a pesquisa observou que aqueles que recebem um grande valor tendem a ser atraídos pelo fluxo de caixa mais imediato, aceitando o acordo. Outro aspecto interessante é que o gênero influencia: o homem recebe mais, mas com um prazo de recebimento maior.
Leia mais aqui o texto.
9.9.14
Alibaba e sua contabilidade
Nos próximos dias a empresa chinesa Alibaba estará apresentando sua oferta pública inicial de ações. A expectativa é que as ações colocadas em negociação possam trazem
US$24,3 bilhões, o que seria um recorde mundial em valores captados. Além disto, com o preço médio proposto, a Alibaba teria um valor de mercado do patrimônio líquido um pouco abaixo da Amazon. (Informações do jornal Valor Econômico, de 8 de setembro de 2014 , Alibaba inicia hoje apresentação da oferta de ações para investidores.)
A empresa chinesa cresceu nos últimos anos através de aquisições agressivas. E isto trouxe sérios problemas para a contabilidade da empresa. Recentemente a empresa divulgou um comunicado sobre a ChinaVision, umas das empresas adquiridas pela Alibaba.
A ChinaVision foi um negócio de 804 milhões de dólares e possui o direito de transmissão da Premier League, o campeonato de futebol inglês, e acordo com diretores famosos. Também recentemente, a empresa informou da dificuldade de integrar as operações das empresas que foram adquiridas. Um dos problemas tem sido a avaliação dos ativos da ChinaVision, que estavam superdimensionados na aquisição. Ou seja, a empresa foi enganada durante o processo de compra da ChinaVision.
Geralmente neste processo de aquisição, a empresa é assessorada por uma auditoria. A Alibaba possui como auditor uma filial da PwC. Mas os problemas contábeis parecem não assustar os investidores.
A empresa chinesa cresceu nos últimos anos através de aquisições agressivas. E isto trouxe sérios problemas para a contabilidade da empresa. Recentemente a empresa divulgou um comunicado sobre a ChinaVision, umas das empresas adquiridas pela Alibaba.
A ChinaVision foi um negócio de 804 milhões de dólares e possui o direito de transmissão da Premier League, o campeonato de futebol inglês, e acordo com diretores famosos. Também recentemente, a empresa informou da dificuldade de integrar as operações das empresas que foram adquiridas. Um dos problemas tem sido a avaliação dos ativos da ChinaVision, que estavam superdimensionados na aquisição. Ou seja, a empresa foi enganada durante o processo de compra da ChinaVision.
Geralmente neste processo de aquisição, a empresa é assessorada por uma auditoria. A Alibaba possui como auditor uma filial da PwC. Mas os problemas contábeis parecem não assustar os investidores.
17.8.14
Lucro, Pasadena, Decisão
Em primeiro lugar, a informação refere-se ao lucro. Mas tradicionalmente neste tipo de decisão é utilizado o valor do caixa. Neste caso, deve-se verificar o montante de caixa que a unidade estaria gerando, nunca o lucro. Este é um erro muito grosseiro, que não deveria ser cometido por gestores e ex-gestores “qualificados”. Espera-se que o Tribunal de Contas da União não seja tão inocente em aceitar este argumento.
Em segundo lugar, trata-se de uma informação pontual, de seis meses somente. Isto se torna mais grave quando sabemos que foi a primeira vez que a unidade registrou lucro, desde que a informação foi consolidada em 2012. Como existe o pressuposto do “valor do dinheiro no tempo”, a geração de um resultado positivo somente agora, muitos períodos depois da compra, depõe ainda mais contra a decisão.
Finalmente, e talvez mais importante, a análise do TCU deve focar no momento em que a decisão foi tomada pela empresa. Ou seja, há oito anos, quando a empresa adquiriu metade da refinaria por 360 milhões de dólares e cujo contrato obrigava a compra do restante, que resultado no grande prejuízo para a empresa. Somente ao recuar no tempo é que o TCU poderá determinar a qualidade da decisão. É bem verdade que esta análise deverá ser mais probabilística do que determinista. A tarefa do TCU é inglória já que é muito difícil de comprovar, na prática, que a compra foi realizada com a intenção de provocar prejuízo na empresa. Erros no processo decisório podem ocorrer por várias razões, como acasos, informações incompletas, incompetência dos gestores e até por motivos escusos.
7.5.14
Liquidez e Avaliação
Um dos componentes básicos do valor de um ativo é a sua liquidez. A ausência de liquidez termina por reduzir o valor de um ativo. Assim, se eu tenho uma máquina que só posso vender a um grupo restrito de pessoas, este ativo irá ter um valor menor do que um terreno, que poderá ser adquirido por diversas pessoas.
A questão do impacto da liquidez no valor dos ativos pode ser ilustrada pelo caso da família Estevão. Esta família começou a construir sua fortuna baseada em patrimônio imobiliário. Ou seja, terrenos, lojas comerciais e apartamentos, além de empresas concessionárias de veículos. A revista Veja Brasília de 16 de abril avaliou a fortuna da família Estevão em 32,8 bilhões de reais ou 14,7 bilhões de dólares (Entre o luxo e a prisão , Lilian Tahan, p. 25 a 29). Somente para se ter uma ideia, Lehman, considerado o brasileiro mais rico, tem uma fortuna estimada de 38 bilhões de reais, segundo a Forbes. Em outras palavras, a família Estevão seria a terceira maior fortuna do país, atrás de Lehman e Safra e bem distante de Abilio Diniz (somente 8 bilhões de reais de fortuna). Assim, os números da Veja Brasília são questionados pelo valor e pela ausência de uma fonte creditada pela jornalista (Lilian Tahan). Existe um problema adicional: a falta de liquidez dos ativos. Apesar da propriedade, os bens estão bloqueados na justiça e existem diversos processos na justiça contra estes ativos. Um deles é o desvio de 170 milhões de reais do Fórum Trabalhista de São Paulo, aquele edifício do famoso juiz Lalau. A dívida já está em quase 500 milhões de reais. Outro, mais 150 milhões de reais em tributos do governo do Distrito Federal. Assim, quem pagaria 32 bilhões de reais por um patrimônio que não pode vender? Mais ainda, por um ativo sujeito a um grande conjunto de passivos? Outro aspecto que coloca em dúvida o valor apurado pela Veja Brasília é o fato de que os ativos estão concentrados (ou não diversificados). Assim, o anúncio de uma venda maciça de terrenos irá provocar uma queda natural dos preços. Finalmente, não é fácil de encontrar uma empresa ou pessoa que possua um valor elevado para “adquirir” este patrimônio. A redução dos potenciais compradores diminui o preço potencial destes ativos.
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A avaliação da Veja Brasília provavelmente foi realizada com base no valor de mercado de troca. A melhor metodologia seria utilizar o fluxo de caixa descontado dos alugueis que seriam obtidos. Mas a análise da avaliação realizada mostra que somente 9,8 bilhões de reais seriam passiveis de gerar fluxo de caixa de aluguéis. Por enquanto esta renda não está sendo bloqueada na justiça, embora não exista garantia de que isto não venha a ocorrer num futuro próximo.
A questão do impacto da liquidez no valor dos ativos pode ser ilustrada pelo caso da família Estevão. Esta família começou a construir sua fortuna baseada em patrimônio imobiliário. Ou seja, terrenos, lojas comerciais e apartamentos, além de empresas concessionárias de veículos. A revista Veja Brasília de 16 de abril avaliou a fortuna da família Estevão em 32,8 bilhões de reais ou 14,7 bilhões de dólares (Entre o luxo e a prisão , Lilian Tahan, p. 25 a 29). Somente para se ter uma ideia, Lehman, considerado o brasileiro mais rico, tem uma fortuna estimada de 38 bilhões de reais, segundo a Forbes. Em outras palavras, a família Estevão seria a terceira maior fortuna do país, atrás de Lehman e Safra e bem distante de Abilio Diniz (somente 8 bilhões de reais de fortuna). Assim, os números da Veja Brasília são questionados pelo valor e pela ausência de uma fonte creditada pela jornalista (Lilian Tahan). Existe um problema adicional: a falta de liquidez dos ativos. Apesar da propriedade, os bens estão bloqueados na justiça e existem diversos processos na justiça contra estes ativos. Um deles é o desvio de 170 milhões de reais do Fórum Trabalhista de São Paulo, aquele edifício do famoso juiz Lalau. A dívida já está em quase 500 milhões de reais. Outro, mais 150 milhões de reais em tributos do governo do Distrito Federal. Assim, quem pagaria 32 bilhões de reais por um patrimônio que não pode vender? Mais ainda, por um ativo sujeito a um grande conjunto de passivos? Outro aspecto que coloca em dúvida o valor apurado pela Veja Brasília é o fato de que os ativos estão concentrados (ou não diversificados). Assim, o anúncio de uma venda maciça de terrenos irá provocar uma queda natural dos preços. Finalmente, não é fácil de encontrar uma empresa ou pessoa que possua um valor elevado para “adquirir” este patrimônio. A redução dos potenciais compradores diminui o preço potencial destes ativos.
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15.4.14
Yahoo, Aditividade e Sinergia
Klein, em Is Yahoo Business Worth Less Than apresenta o seguinte gráfico do valor de mercado da empresa Yahoo!.
O valor da empresa é de menos de 40 bilhões de dólares. Mas o valor do Alibaba está acima de 35 bilhões e do Yahoo Japan está acima de 10 bilhões. Assim, quando se retira o Alibaba e o Yahoo Japan, o valor do negócio principal da empresa é negativo em quase 10 bilhões.
Existem duas possíveis explicações para este fato. A primeira foi apresenta por Ritholtz: o mercado está errado. Neste caso, ou o valor da Yahoo! está abaixo do correto ou os valores do Alibaba e/ou Yahoo Japan estão superestimados.
A segunda alternativa diz respeito aos conceitos de aditividade e sinergia. Ambos são conceitos relevantes na avaliação das empresas. A aditividade refere-se a possibilidade de somar as partes para se chegar ao todo. Assim, ao fazer a avaliação de uma empresa, podemos avaliar cada um dos seus ramos de negócios e somar os valores obtidos para se ter o valor total. No caso do Yahoo! temos
Valor (Yahoo!) = Valor (Alibaba) + Valor (Yahoo Japan) + Valor (Yahoo)
Se colocarmos os valores na fórmula é possível perceber que a igualdade só funciona quando o último termo é negativo, o que seria absurdo. Apesar de a aditividade ser considerada como razoável no mundo teórico das finanças, nem sempre podemos aceita-la. Neste ponto entra o conceito da sinergia. Este termo é muito usado nas operações de fusões e aquisições, em especial para justificar estas operações. A sinergia é a possibilidade de o valor total ser maior que o valor das partes. Nestes casos, a existência de relação entre as unidades de negócio permite a criação de um valor adicional. A sinergia funciona como um ganho para as empresas diversificadas.
Mas existem situações onde a sinergia funciona ao contrário. Ou seja, não é possível obter ganhos pela junção das partes, sendo que isto resulta em perdas. Corresponderia a uma sinergia negativa. Este conceito fica mais claro quando usamos o trabalho de grupo para ilustrar. Gosto de utilizar dois exemplos, um para ilustrar a sinergia e outro para sinergia negativa. Considere o conjunto The Beatles. Durante os anos sessenta este grupo esteve reunido, fez shows, gravou discos, compuseram muitas músicas. A junção de Paul, John, Ringo e George resultou no grupo musical de maior sucesso de todos os tempos. Depois das brigas, a separação permitiu que cada um deles fizesse carreira individual. Apesar da qualidade deles como músicos, sua produção não foi igual ao tempo dos Beatles. Tanto é assim que um show do Paul é composto principalmente por músicas da década de sessenta. Este é um típico exemplo de sinergia.
Um exemplo de sinergia negativa foi o “ataque dos sonhos”. Este nome refere-se aos jogadores Sávio , Romário e Edmundo que participaram de um clube de futebol nos anos de 1995. No entanto, a vaidade e a falta de entrosamento entre os jogadores fez com que o rendimento dos três ficasse abaixo do esperado. Este é um típico exemplo de sinergia negativa. Esta talvez seja a segunda explicação para o fato da empresa Yahoo, no seu core business, ter valor negativo. É importante destacar que esta não seria a primeira vez que isto ocorre com uma empresa. Na década de noventa a junção entre Mercedes e Chrysler resultou numa sinergia negativa. A Autolatina, na década de oitenta no Brasil, é outro exemplo.
28.3.14
Blackberry
A Blackberry divulgou os resultados do quarto trimestre de seu ano fiscal nesta sexta-feira 28. A empresa teve prejuízo, mas menor do que o esperado pelo mercado. Apesar dos números negativos, as ações da empresa subiam cerca de 7% pela manhã.
A empresa teve um prejuízo de US$ 423 milhões, número muito melhor que o do trimestre anterior, que foi de US$ 4,4 bilhões de perda. No ano passado, no mesmo período, o prejuízo foi de US$ 628 milhões. O mercado esperava um resultado mais alarmante. As previsões eram de que o rombo na Blackberry fosse de US$ 0,56 por ação. O registrado foi US$ 0,08 por papel. (Fonte: Aqui)
Mas quando se observa o desempenho ao longo do tempo, a situação da empresa parece realmente crítica. Veja, por exemplo, a evolução do lucro:
Mas quando se observa o desempenho ao longo do tempo, a situação da empresa parece realmente crítica. Veja, por exemplo, a evolução do lucro:
A empresa, que era lucrativa até 2012, passou a ter seguidos prejuízos. A evolução da receita também espelha o momento da Blackberry:
A empresa perdeu muito mercado com os smartphones e a concorrência de Samsung e Apple. A reação dos investidores é esperada:
Os investidores puniram a empresa, principalmente a partir de 2011.
Rapidez
A avaliação prévia da situação comercial e financeira da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), para orientar sua compra pela Petrobras, foi feita em prazo de cerca de 20 dias, segundo documento confidencial da própria estatal, datado de 31 de janeiro de 2006. Um procedimento padrão de "due diligence" (como o mercado chama a auditoria realizada para avaliar questões jurídicas, operacionais e financeiras em processos de fusões e aquisições) levaria de dois a três meses para ser concluído.
(...)
O documento obtido pelo [jornal] Globo mostra que, após a coleta de documentos e reuniões com diretores financeiros da Astra, a Petrobras teve de fazer nova avaliação em apenas cinco dias. Assinado por gerentes da área tributária e jurídica da estatal, o texto ainda recomendou a criação de uma cláusula responsabilizando a Astra por qualquer tributo devido em decorrência da reestruturação, para se eximir de possíveis passivos.
Fonte: Aqui
O documento obtido pelo [jornal] Globo mostra que, após a coleta de documentos e reuniões com diretores financeiros da Astra, a Petrobras teve de fazer nova avaliação em apenas cinco dias. Assinado por gerentes da área tributária e jurídica da estatal, o texto ainda recomendou a criação de uma cláusula responsabilizando a Astra por qualquer tributo devido em decorrência da reestruturação, para se eximir de possíveis passivos.
Fonte: Aqui
25.2.14
Facebook comprou um problema?
Sobre a aquisição do Facebook, eis um texto interessante que concentra na aquisição:
Um dia após o Facebook ter anunciado sua maior aquisição, Wall Street estava preocupada com a possibilidade de a rede social ter pago um preço altíssimo por uma empresa com poucas perspectivas de trazer muito dinheiro no futuro próximo.
O Facebook concordou em comprar o WhatsApp, um serviço de mensagens para celulares em rápido crescimento, por US$ 16 bilhões, além de US$ 3 bilhões em ações oferecidas aos fundadores e funcionários da startup.
O problema é que esses fundadores, Jan Koum e Brian Acton, parecem detestar anunciantes – e a publicidade constitui o alicerce financeiro do Facebook. Eles também demonstram aversão à maioria das outras formas de ganhar dinheiro com serviços ao consumidor na internet.
(...) Numa reunião de teleconferência com analistas a respeito da compra do WhatsApp, Zuckerberg (foto) disse a eles que os anúncios não são a única maneira de ganhar dinheiro com mensagens.
Isso gerou preocupação em Wall Street. Recentemente, Zuckerberg resolveu o problema da falta de receita do Facebook nos celulares com novos tipos de anúncios. Agora, ele gastou quase US$ 20 bilhões para assumir um problema de ‘monetização’ nas mensagens – e a solução anterior não pode ser aplicada neste caso.
Incluindo o prêmio em ações, o Facebook está pagando US$ 19 bilhões pelo WhatsApp. Para justificar tal preço, o WhatsApp teria de gerar cerca de US$ 1 bilhão em fluxo de caixa anual até 2018, estimou Wieser.
Esta geração de caixa tende a ser maior, já que o texto está assumindo um fluxo de caixa denominado de periodicidade (ou anuidade). Neste caso, o fluxo é constante no tempo; mas este não deve ser o padrão do WhatsApp, que irá parte de um fluxo reduzido nos primeiros anos. Isto faz com que o volume de caixa a ser gerado seja superior a este 1 bilhão.
“A empresa ofereceu poucos dados para sustentar tal suposição, pois são poucos os dados disponíveis”, acrescentou o analista. “E os administradores indicaram esperar que o WhatsApp se ocupe do produto e do usuário em vez de encontrar formas de ganhar dinheiro.” Ken Sena, analista da Evercore, rebaixou a nota dos papéis do Facebook ontem, dizendo haver um ponto de interrogação envolvendo a melhor maneira de ganhar dinheiro com serviços de mensagens como o WhatsApp.
Estas poucas informações são decorrentes do próprio negócio. Empresas que estão iniciando num negócio tendem a ter poucas informações. O rebaixamento das ações do Facebook é típico de uma situação de aquisição, quando não se tem muitas informações. Talvez se o mercado avaliasse que o Facebook eliminou uma ameaça, a reação não teria sido tão forte.
Instagram. Wall Street também se preocupou com a forma de ganhar dinheiro a partir do Instagram, e os analistas ficaram aliviados quando o serviço começou a exibir anúncios no ano passado.
Esta opção não vale para o WhatsApp. Em vez disso, o serviço cobra atualmente US$ 1 pelo uso após o primeiro ano.
Se o WhatsApp conseguir que um bilhão de usuários paguem um dólar por ano, isto pode gerar uma renda anual de US$ 1 bilhão, o equivalente a um lucro operacional de US$ 600 milhões.
De acordo com a estimativa de Mahaney, isso representaria um ganho de aproximadamente US$ 0,12 por ação em lucro extra para o Facebook em 2015.
Isso reduziria muito o impacto da emissão de muitas novas ações por parte do Facebook para pagar a aquisição – jogada que dilui o lucro teoricamente disponível para os acionistas da empresa.
“Talvez essas suposições soem agressivas, mas existe também a distinta possibilidade de o potencial de monetização do WhatsApp superar em muito a marca de US$ 1 por ano”, disse Mahaney.
Mas nem todos estão convencidos desse potencial. Wieser, da Pivotal, acredita que se o WhatsApp cobrasse US$ 2 por ano, muitos usuários migrariam para outro serviço de mensagens que cobrasse menos ou não tivesse assinatura.
Não é difícil para que outra empresa com software competente e habilidade no desenvolvimento de produtos crie um aplicativo como o WhatsApp. Já há muitos rivais do WhatsApp, e alguns deles fazem sucesso em diferentes partes do mundo. O Kakao é grande na Coreia do Sul, o Line domina no Japão e o WeChat lidera na China.
Um dia após o Facebook ter anunciado sua maior aquisição, Wall Street estava preocupada com a possibilidade de a rede social ter pago um preço altíssimo por uma empresa com poucas perspectivas de trazer muito dinheiro no futuro próximo.
O Facebook concordou em comprar o WhatsApp, um serviço de mensagens para celulares em rápido crescimento, por US$ 16 bilhões, além de US$ 3 bilhões em ações oferecidas aos fundadores e funcionários da startup.
O problema é que esses fundadores, Jan Koum e Brian Acton, parecem detestar anunciantes – e a publicidade constitui o alicerce financeiro do Facebook. Eles também demonstram aversão à maioria das outras formas de ganhar dinheiro com serviços ao consumidor na internet.
(...) Numa reunião de teleconferência com analistas a respeito da compra do WhatsApp, Zuckerberg (foto) disse a eles que os anúncios não são a única maneira de ganhar dinheiro com mensagens.
Isso gerou preocupação em Wall Street. Recentemente, Zuckerberg resolveu o problema da falta de receita do Facebook nos celulares com novos tipos de anúncios. Agora, ele gastou quase US$ 20 bilhões para assumir um problema de ‘monetização’ nas mensagens – e a solução anterior não pode ser aplicada neste caso.
Incluindo o prêmio em ações, o Facebook está pagando US$ 19 bilhões pelo WhatsApp. Para justificar tal preço, o WhatsApp teria de gerar cerca de US$ 1 bilhão em fluxo de caixa anual até 2018, estimou Wieser.
Esta geração de caixa tende a ser maior, já que o texto está assumindo um fluxo de caixa denominado de periodicidade (ou anuidade). Neste caso, o fluxo é constante no tempo; mas este não deve ser o padrão do WhatsApp, que irá parte de um fluxo reduzido nos primeiros anos. Isto faz com que o volume de caixa a ser gerado seja superior a este 1 bilhão.
“A empresa ofereceu poucos dados para sustentar tal suposição, pois são poucos os dados disponíveis”, acrescentou o analista. “E os administradores indicaram esperar que o WhatsApp se ocupe do produto e do usuário em vez de encontrar formas de ganhar dinheiro.” Ken Sena, analista da Evercore, rebaixou a nota dos papéis do Facebook ontem, dizendo haver um ponto de interrogação envolvendo a melhor maneira de ganhar dinheiro com serviços de mensagens como o WhatsApp.
Estas poucas informações são decorrentes do próprio negócio. Empresas que estão iniciando num negócio tendem a ter poucas informações. O rebaixamento das ações do Facebook é típico de uma situação de aquisição, quando não se tem muitas informações. Talvez se o mercado avaliasse que o Facebook eliminou uma ameaça, a reação não teria sido tão forte.
Instagram. Wall Street também se preocupou com a forma de ganhar dinheiro a partir do Instagram, e os analistas ficaram aliviados quando o serviço começou a exibir anúncios no ano passado.
Esta opção não vale para o WhatsApp. Em vez disso, o serviço cobra atualmente US$ 1 pelo uso após o primeiro ano.
Se o WhatsApp conseguir que um bilhão de usuários paguem um dólar por ano, isto pode gerar uma renda anual de US$ 1 bilhão, o equivalente a um lucro operacional de US$ 600 milhões.
De acordo com a estimativa de Mahaney, isso representaria um ganho de aproximadamente US$ 0,12 por ação em lucro extra para o Facebook em 2015.
Isso reduziria muito o impacto da emissão de muitas novas ações por parte do Facebook para pagar a aquisição – jogada que dilui o lucro teoricamente disponível para os acionistas da empresa.
“Talvez essas suposições soem agressivas, mas existe também a distinta possibilidade de o potencial de monetização do WhatsApp superar em muito a marca de US$ 1 por ano”, disse Mahaney.
Mas nem todos estão convencidos desse potencial. Wieser, da Pivotal, acredita que se o WhatsApp cobrasse US$ 2 por ano, muitos usuários migrariam para outro serviço de mensagens que cobrasse menos ou não tivesse assinatura.
Não é difícil para que outra empresa com software competente e habilidade no desenvolvimento de produtos crie um aplicativo como o WhatsApp. Já há muitos rivais do WhatsApp, e alguns deles fazem sucesso em diferentes partes do mundo. O Kakao é grande na Coreia do Sul, o Line domina no Japão e o WeChat lidera na China.
20.2.14
Facebook compra concorrente
O Facebook comprou o aplicativo de mensagens WhatsApp por US$ 19 bilhões, segundo comunicadofeito à SEC (equivalente americano da CVM) nesta quarta-feira 19. A quantia será paga em US$ 12 bilhões em ações do Facebook e US$ 4 bilhões em dinheiro. Outros US$ 3 bilhões em ações serão dados aos funcionários do WhatsApp. (Fonte: Aqui)
O WhatsApp era um potencial concorrente do Facebook: muitos jovens estavam saindo da rede social para usar o serviço de mensagem. Ao comprar a empresa, o Facebook elimina um concorrente e pode incorporar um serviço adicional a sua rede social. O WhatsApp era forte em países emergentes, incluindo o Brasil, onde 72% usavam ao menos uma vez por semana (gráfico ). A China é o ponto fraco, onde WeChat predomina.
Este tipo de aquisição pode ter dois objetivos: (a) eliminar um potencial concorrente; (b) incorporar os usuários que resistem ao Facebook. Mas existem riscos: (1) perder usuários para outro sistema de mensagens, que talvez seja reduzido a curto prazo, já que a escolha depende da “rede social” de cada indíviduo; (2) dificuldade de incorporação da empresa comprada.
O WhatsApp era um potencial concorrente do Facebook: muitos jovens estavam saindo da rede social para usar o serviço de mensagem. Ao comprar a empresa, o Facebook elimina um concorrente e pode incorporar um serviço adicional a sua rede social. O WhatsApp era forte em países emergentes, incluindo o Brasil, onde 72% usavam ao menos uma vez por semana (gráfico ). A China é o ponto fraco, onde WeChat predomina.
Este tipo de aquisição pode ter dois objetivos: (a) eliminar um potencial concorrente; (b) incorporar os usuários que resistem ao Facebook. Mas existem riscos: (1) perder usuários para outro sistema de mensagens, que talvez seja reduzido a curto prazo, já que a escolha depende da “rede social” de cada indíviduo; (2) dificuldade de incorporação da empresa comprada.
17.2.14
Bolsa de Valores e Crescimento da economia
Em geral gostamos de usar os dados passados para fazer previsão sobre o futuro. Mas isto pode ser muito perigoso. Os países emergentes, que tiveram elevadas taxas de crescimento no passado, estão sofrendo com a atual crise. Isto também ocorre com as projeções dos mercados acionários.
As pessoas costumam usar as taxas de crescimento do passado para: (a) dizer que é hora de investir nos mercados emergentes; (b) fazer uso do risco do mercado nas fórmulas que deveriam ser projetadas. Um estudo (via aqui) mostrou mais um elemento nesta relação: aparentemente não existe uma relação entre o retorno do mercado acionário e o crescimento econômico per capita.
Se no passado um investidor tivesse colocado seu dinheiro nos países com rápido crescimento, isto traria um retorno de 14,5% ao ano. Mas se tivesse optado por economias com crescimento mais lento, o retorno seria se 24,6%, conforme pode ser visualizado no gráfico. Além disto, parece que usar os dados do passado não funciona: a relação entre crescimento de um ano e crescimento de dois anos depois foi nenhuma.
Associar o retorno da bolsa com o crescimento da economia pode ser perigoso já que nem sempre a bolsa representa o "mercado" nos países emergentes.
As pessoas costumam usar as taxas de crescimento do passado para: (a) dizer que é hora de investir nos mercados emergentes; (b) fazer uso do risco do mercado nas fórmulas que deveriam ser projetadas. Um estudo (via aqui) mostrou mais um elemento nesta relação: aparentemente não existe uma relação entre o retorno do mercado acionário e o crescimento econômico per capita.
Se no passado um investidor tivesse colocado seu dinheiro nos países com rápido crescimento, isto traria um retorno de 14,5% ao ano. Mas se tivesse optado por economias com crescimento mais lento, o retorno seria se 24,6%, conforme pode ser visualizado no gráfico. Além disto, parece que usar os dados do passado não funciona: a relação entre crescimento de um ano e crescimento de dois anos depois foi nenhuma.
Associar o retorno da bolsa com o crescimento da economia pode ser perigoso já que nem sempre a bolsa representa o "mercado" nos países emergentes.
9.2.14
Futebol e Desempenho
O Manchester United é um clube de futebol da Inglaterra que possui ações negociadas na bolsa de valores. Assim, é interessante comparar o comportamento do preço da ação com o desempenho nos campos. Recentemente o antigo treinador, o escocês Ferguson, deixou o clube depois de décadas com um desempenho notável. Nos anos de Ferguson o clube sempre esteve entre os quatro primeiros colocados no campeonato inglês.
Com o novo treinador, o também escocês Moyes, o desempenho do clube já não é o mesmo. Ao longo do campeonato inglês já chegou estar em 12o. lugar. O gráfico abaixo mostra o comportamento do preço da ação (de azul) e o desempenho no campeonato inglês (de preto, em termos das posições ocupadas).
As ações não foram afetadas pela perda de posição na tabela. Mas no final de dezembro, as ações do clube sofreram uma redução. Neste período o clube fez uma grande contratação: o espanhol Mata, do Chelsea, por 61 milhões de dólares. A contratação poderia ajudar o clube a melhorar seu desempenho na tabela. Atualmente é o 7o. colocado.
Entretanto, uma grande estrela significa aumento nas despesas operacionais. E menor lucro. Mas desempenho ruim pode fazer com que o clube não se classifique para a Champions League, o campeonato europeu de clubes, extremamente lucrativo. O Manchester participa desta competição desde 1995 e a não classificação representa uma perda de receita de 15 milhões de libras.
Este é um dilema interessante: melhorar o desempenho esportivo para um clube pode significar mais custos e consequentemente menos lucro. Os maiores salários possui uma relação com desempenho em campeonatos, mas que existem exceções, como é o caso do Arsenal, que gasta pouco e tem um desempenho razoável.
27.1.14
A vantagem das Dicas
Em finanças pessoais é muito comum a existência de “dicas” para os investidores. Algumas destas dicas são desconhecidas sobre sua origem e inclui como compor a carteira de investimento, o valor a ser economizado ou a forma como calcular o valor presente. Será que estas regras possuem validade?
Um estudo desenvolvido por David Love (Optimal rules of thumb for personal finance) mostrou que estas regras é uma forma de reduzir a complexidade das finanças, mas que em muitas situações a regra simples pode ter um desempenho tão bom quando as fórmulas complexas.
Temos muitos exemplos disto no mundo real também. Na avaliação de empresas é comum o uso de múltiplos para determinar o valor de uma empresa. O método correto é fazer uma projeção do fluxo de caixa futuro e sua taxa de desconto e trazer a valor presente todos estes valores. Isto envolve muita subjetividade e um nível de conhecimento inacessível para a maioria dos comerciantes. Em lugar disto, estabeleceram-se regras simples, os múltiplos, onde é feita a estimativa do valor da empresa a partir de multiplicação do faturamento por um valor, com algumas somas e subtrações. Não se sabe bem a origem destes múltiplos, mas parece que funcionam na prática. Tanto é assim que os comerciantes transacionam seus negócios tendo por base estas regras.
Love mostra que isto também funciona com as finanças pessoais. Herbert Simon, o grande especialista em processo decisório, discutia a relação entre a incerteza e o custo de processar as informações. Simon criou que no mundo real as decisões deveriam ser satisfatórias, não ótimas. Como as pesquisas mostram que a maioria das pessoas sequer conhece matemática financeira básica, as regras é um grande atalho para decisões satisfatórias. O risco que Love não comenta é a criação de “falsas dicas”, que não possuem fundamentação.
Um estudo desenvolvido por David Love (Optimal rules of thumb for personal finance) mostrou que estas regras é uma forma de reduzir a complexidade das finanças, mas que em muitas situações a regra simples pode ter um desempenho tão bom quando as fórmulas complexas.
Temos muitos exemplos disto no mundo real também. Na avaliação de empresas é comum o uso de múltiplos para determinar o valor de uma empresa. O método correto é fazer uma projeção do fluxo de caixa futuro e sua taxa de desconto e trazer a valor presente todos estes valores. Isto envolve muita subjetividade e um nível de conhecimento inacessível para a maioria dos comerciantes. Em lugar disto, estabeleceram-se regras simples, os múltiplos, onde é feita a estimativa do valor da empresa a partir de multiplicação do faturamento por um valor, com algumas somas e subtrações. Não se sabe bem a origem destes múltiplos, mas parece que funcionam na prática. Tanto é assim que os comerciantes transacionam seus negócios tendo por base estas regras.
Love mostra que isto também funciona com as finanças pessoais. Herbert Simon, o grande especialista em processo decisório, discutia a relação entre a incerteza e o custo de processar as informações. Simon criou que no mundo real as decisões deveriam ser satisfatórias, não ótimas. Como as pesquisas mostram que a maioria das pessoas sequer conhece matemática financeira básica, as regras é um grande atalho para decisões satisfatórias. O risco que Love não comenta é a criação de “falsas dicas”, que não possuem fundamentação.
10.1.14
Pintura é vendida por US$5,7 milhões
As duas figuras parecem iguais. Mas não são. Na esquerda, o desenho de Chris Foss para o livro de Isaac Asimov . Na direita, tela de Glenn Brow, mais recente. Trata-se de uma recontextualização, onde um trabalho artístico é transformado em um novo trabalho, como repetição de temas existentes no original.
A tela de Brow foi vendida por 5,7 milhões. É difícil avaliar uma obra de arte.
A tela de Brow foi vendida por 5,7 milhões. É difícil avaliar uma obra de arte.
6.1.14
Mercado de Arte Chinês e a dificuldade da Avaliação
Em postagem anterior comentamos de alguns dos problemas da avaliação de uma obra de arte. Para o caso no mercado de artes é muito difícil usar as técnicas tradicionais de avaliação, como o fluxo de caixa descontado. Mesmo um painel com opinião de especialistas pode apresentar divergências substancias.
O mercado de artes chinês mostra que o próprio mercado não é um parâmetro adequado. Nos últimos anos, os artistas chineses estão dominando as vendas neste mercado (gráfico). Em 2011 três dos cinco maiores artistas em termos de vendas eram chineses. Um deles, Chang Daí-Chien, um artista que chegou a viver em Mogi das Cruzes, teve suas obras vendidas por quase meio bilhão de dólar.
Existem diversas explicações para a explosão do mercado de artes chinês e da distorção do preço das obras. A mais obvia refere-se a qualidade das obras e o valor das peças seria um reflexo desta qualidade.
Uma segunda explicação é que as obras chinesas chegam aos leilões, enquanto as obras de outros países ou estão nos museus, onde provavelmente não serão levadas ao mercado, ou são transacionadas entre as partes, com pouca divulgação. Esta explicação precisaria de um maior suporte de dados.
Outra possibilidade para explicar a explosão do mercado de artes da China é que neste país a arte pode ser uma maneira de suborno elegante. Em lugar de dinheiro, doa-se um quadro de Chang Daí-Chien, que é um “presente” difícil de rastrear e mais elegante. Quarto, a resposta pode estar no próprio mercado. Um estudo de um das transações mostrou uma pintura de Qi Baishi, vendida por 65 milhões de dólares, não aconteceu de fato. Depois do leilão da obra, o ganhador não efetuou o pagamento, questionando a originalidade da obra. Isto parece ser um fato comum na China, indicando que o preço dos leilões não é um parâmetro adequado.
Quinto, a liquidez do mercado de artes da China é bastante elevada. Uma pintura de Qi Baishi foi vendida quatro vezes em dez anos. Isto não é comum no ocidente. A maior liquidez das obras chinesa pode ser resultante da existência de uma bolha especulativa do mercado chinês. Parte desta liquidez poderia ser explicada pelo “presente” dado: um empresário compra uma obra de Qi Baishi para presente um funcionário do governo; este, por sua vez, transforma o mimo em dinheiro, levando o quadro ao leilão. Outro empresário compra este quadro para presentear outro funcionário.
Mas o mercado de arte chinês tem um problema adicional: a dificuldade de identificar as obras pelo período em que foi realizada. Enquanto um diletante consegue discernir entre um quadro de um pintor francês do final do século XIX de um pintor espanhol do início do século XX (ou mesmo um quadro de Picasso da fase azul da fase rosa), isto não é possível na pintura chinesa. Um quadro chinês poderia ter sido pintado há 300 anos ou recentemente.
Para complicar ainda mais, os próprios grandes artistas chineses se dedicaram a falsificar suas obras, como é o caso de Chang Daí-Chien (muito embora a questão de falsificação também andou perto de alguns grandes nomes da pintura ocidental, como Dalí).
Leia mais em SALMON, Felix. China´s broken art market
Existem diversas explicações para a explosão do mercado de artes chinês e da distorção do preço das obras. A mais obvia refere-se a qualidade das obras e o valor das peças seria um reflexo desta qualidade.
Uma segunda explicação é que as obras chinesas chegam aos leilões, enquanto as obras de outros países ou estão nos museus, onde provavelmente não serão levadas ao mercado, ou são transacionadas entre as partes, com pouca divulgação. Esta explicação precisaria de um maior suporte de dados.
Outra possibilidade para explicar a explosão do mercado de artes da China é que neste país a arte pode ser uma maneira de suborno elegante. Em lugar de dinheiro, doa-se um quadro de Chang Daí-Chien, que é um “presente” difícil de rastrear e mais elegante. Quarto, a resposta pode estar no próprio mercado. Um estudo de um das transações mostrou uma pintura de Qi Baishi, vendida por 65 milhões de dólares, não aconteceu de fato. Depois do leilão da obra, o ganhador não efetuou o pagamento, questionando a originalidade da obra. Isto parece ser um fato comum na China, indicando que o preço dos leilões não é um parâmetro adequado.
Quinto, a liquidez do mercado de artes da China é bastante elevada. Uma pintura de Qi Baishi foi vendida quatro vezes em dez anos. Isto não é comum no ocidente. A maior liquidez das obras chinesa pode ser resultante da existência de uma bolha especulativa do mercado chinês. Parte desta liquidez poderia ser explicada pelo “presente” dado: um empresário compra uma obra de Qi Baishi para presente um funcionário do governo; este, por sua vez, transforma o mimo em dinheiro, levando o quadro ao leilão. Outro empresário compra este quadro para presentear outro funcionário.
Mas o mercado de arte chinês tem um problema adicional: a dificuldade de identificar as obras pelo período em que foi realizada. Enquanto um diletante consegue discernir entre um quadro de um pintor francês do final do século XIX de um pintor espanhol do início do século XX (ou mesmo um quadro de Picasso da fase azul da fase rosa), isto não é possível na pintura chinesa. Um quadro chinês poderia ter sido pintado há 300 anos ou recentemente.
Para complicar ainda mais, os próprios grandes artistas chineses se dedicaram a falsificar suas obras, como é o caso de Chang Daí-Chien (muito embora a questão de falsificação também andou perto de alguns grandes nomes da pintura ocidental, como Dalí).
Leia mais em SALMON, Felix. China´s broken art market
3.1.14
Valor de uma obra de arte
Banksy é um dos artistas modernos mais conhecidos. Recentemente ele inovou, vendendo seus produtos num camelô em Nova Iorque por 60 dólares cada pintura. Só que ninguém sabia que estava sendo ofertada uma pintura original de Banksy e o resultado foi vendas de 420 dólares, sendo que em alguns casos o camelô teve que fazer um desconto.
Uma semana depois três pessoas resolveram vender imitações da obra de Banksy por 60 dólares cada. Cada trabalho era uma replica das peças que Banksy tentou vender uma semana antes. E o local era o mesmo da venda fracassada. Além disto, os artistas deixaram claro que as obras eram falsas. Estavam à venda 40 peças falsificadas de Banksy, com um “certificado de imitação”. As peças foram vendidas em um hora. O vídeo encontra-se a seguir:
Este “experimento” ilustra a dificuldade de mensurar o valor de uma obra de arte e questiona os motivos que levam as pessoas a comprarem obras de arte.
O fato de Banksy evitar vender sua obra de maneira convencional, mostra que este mercado depende do “nome” do artista, não da qualidade da obra de arte.
Uma semana depois três pessoas resolveram vender imitações da obra de Banksy por 60 dólares cada. Cada trabalho era uma replica das peças que Banksy tentou vender uma semana antes. E o local era o mesmo da venda fracassada. Além disto, os artistas deixaram claro que as obras eram falsas. Estavam à venda 40 peças falsificadas de Banksy, com um “certificado de imitação”. As peças foram vendidas em um hora. O vídeo encontra-se a seguir:
Este “experimento” ilustra a dificuldade de mensurar o valor de uma obra de arte e questiona os motivos que levam as pessoas a comprarem obras de arte.
O fato de Banksy evitar vender sua obra de maneira convencional, mostra que este mercado depende do “nome” do artista, não da qualidade da obra de arte.
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