28.11.13

Avaliação e Contabilidade

A empresa de auditoria PwC divulgou dois documentos com uma reflexão sobre o uso da avaliação para fins de demonstrações contábeis (aqui e aqui). Para a empresa, uma estrutura profissional para os profissionais que fazem avaliação para fins societários reduziria as lacunas entre as expectativas dos usuários e os reguladores.

A adoção cada vez maior do valor justo provocaria esta demanda, segundo a PwC. E a profissão é governada por muitas organizações, com diferentes abordagens e exigências. Uma possibilidade é a legitimação do The International Valuations Standards Council.

22.11.13

Privatização dos aeroportos

A privatização dos aeroportos do Rio e BH foi notícia nos jornais. A Folha tentou explicar a diferença de preço para o aeroporto de Guarulhos, indicando o prazo de pagamento (25 versus 20 anos):

Cinco anos a mais, além de tornar a parcela menor, fazem uma enorme diferença numa concessão porque é no fim do período --com os maiores investimentos já feitos-- que entram muitos recursos e saem poucos.

Em outro site, a mesma justificativa:

Para o presidente da Infraero, Gustavo Vale, a diferença é explicada pelos prazos de concessão. “O prazo de concessão do Galeão é cinco anos maior”, disse à DINHEIRO, após o leilão. A concessão do Galeão será válida por 25 anos, ante os 20 anos de Cumbica. Isso permitiria aos vencedores mais tempo para pagar os investimentos e obter retornos.

Mas isto não justifica, já que o valor do dinheiro no tempo reduz esta diferença substancialmente. Além disto, existe a maldição do vencedor, fato já comprovado nas finanças comportamentais: quem ganha um leilão é o grande perdedor, pois pagou muito acima do razoável.

Um fato interessante foi a reação do mercado para a empresa que perdeu o leilão: o preço das ações aumentou, o que pode ser um sinal de mau negócio para quem ganhou.

13.11.13

O Valor da Cultura Corporativa

A cultura corporativa refere-se a um conjunto de normas e valores que é compartilhada e defendida pela organização. Pode incluir neste conjunto aspectos relacionados com a integridade e ética da entidade, a colaboração e cooperação das pessoas, a inovação, o respeito, a qualidade, a segurança, a comunicação, entre muitos outros aspectos. Alguns consideram que a cultura corporativa é um monte de palavras jogadas fora. Talvez esta impressão deve-se ao fato de que diversos trabalhos não consideram relacionar a cultura de uma organização com o seu desempenho. Isto leva a crer que afirmar que a organização está preocupada em “prestar contas” não significa que efetivamente o faz.
Um dos grandes problemas destas pesquisas é exatamente mensurar a cultura da organização. Buscar na home-page da organização quais são as normas e valores é fácil. Mas será que realmente expressa o que é a cultura corporativa? Três pesquisadores conseguiram acesso a uma informação de uma base de dados que tenta mensurar quais são os melhores lugares para se trabalhar. Este tipo de pesquisa é bastante divulgado, mas os resultados individuais geralmente são mantidos em segredo. Para se chegar aos “melhores lugares”, uma entidade promover diversas entrevistas sigilosas com funcionários das maiores empresas do mundo. Estas entrevistas buscam obter informação sobre o ambiente de trabalho. Assim, em lugar de buscar os valores propagados nas páginas das empresas, os autores conseguiram a informação diretamente dos seus funcionários. A cultura corporativa é relatada pelos empregados da organização.

Ao contrário das pesquisas anteriores, esta informação permitiu descobrir que a cultura corporativa realmente praticada influencia no desempenho das organizações. Assim, quando os empregados percebem que os gestores são confiáveis e éticos, o desempenho da entidade é melhor.

Na próxima vez que você ouvir falar da cultura corporativa, pense que pode ser relevante para o desempenho da entidade, desde que você esqueça o que a empresa diz e centre sua atenção no que ela faz. Mesmo que seja na perspectiva dos empregados.

Leia mais em The Value of Corporate Culture. Luigi Guiso, Paola Sapienza, and Luigi Zingales NBER Working Paper No. 19557 October 2013.