Uma pesquisa sobre aluguéis em Amsterdam consegui estabelecer um série histórica de 355 anos - entre 1650 a 2005. Os autores demonstraram que os dados são cointegrados, o que permite estudar o movimento do aluguel versus preço ao longo do tempo.
Mais detalhes aqui
31.7.09
20.7.09
A Eficiência do Mercado
A eficiência do mercado tem sido objeto de estudo da contabilidade desde que o trabalho de Fama foi publicado. Para este economista, o mercado seria mais ou menos eficiente em razão da reação a informação. Fama entendia que a contabilidade era uma das fontes de informação, embora não fosse a única.
As EMH (Hipóteses de Eficiência de Mercado) têm sido objeto de estudo pelos pesquisadores. Fama classificava suas hipoteses em tres grupos: fraca, semi-forte e forte. Um grupo extenso de pesquisas surgiu no sentido de classificar o mercado num destes grupos. Ou seja, verificar em situações específicas se o mercado agia de forma mais ou menos eficiente.
Neste texto irei comentar três aspectos da EMH: a crença atual, a suposição da correlação e a relação entre eficiência e previsão.
Crença Atual
Um artigo recente, analisado pelo blog Financial Rounds, concluiu, por exemplo, que existem evidências que o mercado de ações dos EUA são altamente ineficientes.
A questão da eficiência já era questionada com a expansão das finanças comportamentais. A constatação que as pessoas não são plenamente racionais abriu uma nova perspectiva em termos de tentar explicar como se comporta o mercado. Existia uma velha piada sobre dois pesquisadores que acreditam na EMH e que um deles, por acaso, encontra uma nota de 50 reais na calçada. Ele diz: “nao é uma nota de 50 dólares no chão?” O outro afirma: “Parece, mas se fosse alguém já teria passado e ficado com ela”.
A crise financeira aumentou o debate sobre a eficiência dos mercados. Diversos textos interessantes foram divulgados nos últimos dias tratando do assunto. Além da crise contribui o lançamento recente do livro The Myth of The Rational Market (de Justin Fox).
Robert Waldmann, em The REH vs the EMH, destaca que a eficiência do mercado não significa necessariamente a hipótese de expectativa racional (REH). Para Waldmann, a EMH não trata de comportamentos individuais ou assume que os investidores possuem, isoladamente, carteiras eficientes.
Ja Gillian Tett, no Financial Times (Credit crunch causes analysts to rethink rational market theory, 16 de junho de 2009, p. 17) cita uma pesquisa realizada entre os membros britânicos do CFA. Quando questionados se acreditam na eficiência do mercado dois terços responderam que já não acreditam que o preço do mercado reflete toda informação disponível. Além disto existe uma elevada discordância que o investidor é racional.
Esta mudança é mais significativa quando imagina que a eficiência do mercado é fundamental para pontos relevantes da contabilidade financeira, como a remuneração dos executivos. Isto naturalmente tem despertado o interesse pelas finanças comportamentais.
Esta conclusão dos estudo do Chartered Financial Analyst Institute também foi destacada por Tom Stevenson em Investors are finally seeing the nonsense in the efficient market theory (Daily Telegraph, 18 de junho de 2009).
Em EMH - The Dead Parrot of Finance, Neil Hume lembra que James Montier, do Soc Gen, deseja que a EMH seja banida da industria de investimento. Isto inclui CAPM, administração de risco entre outros.
A questão da Correlação
John Lounsbury - em The (In)Efficient Market Hypothesis - destaca um problema específico da EMH: questão da existência de correlação constante entre dois ativos no tempo. Lounsbury faz uma correlação entre o dólar e a SP 500 para os últimos 38 anos e encontrou o seguinte resultado:
Pode ser observado que a correlação entre os dois investimentos varia ao longo do tempo. Usando os dados do Banco Central para taxa de câmbio e variação do índice Bovespa fiz este cálculo para o Brasil. O resultado encontra-se abaixo:
A correlação da figura refere-se a variação diária para cada um dos anos. É possível perceber que a correlação entre estas duas variáveis muda com o passar do tempo. Isto significa dizer que a objeção de Lounsburry provavelmente também é válida para o Brasil.
EHM e Previsão
Uma questão que sempre incomodou as mentes mais críticas de finanças refere-se a relação entre a EHM e a bola de cristal. Lembro-me de um livro recomendado por meu mestre e orientador, Alexandre Assaf, que abordava este assunto. Trata-se de Modern Portfólio Theory, The Capital Asset Pricing Model & Arbitrage Princing Theory, de Diana Harrington. Harrington comenta a questão controversa de usar a teoria de finanças para fazer projeção.
Mais recentemente Timmermann e Granger (em Efficient Market Hypothesis and Forecasting) comentam a contradição: os modelos pressupõem um mercado eficiente, onde a existência do chamado lucro anormal não seria possível; mas os “práticos” usam para tentar obter este lucro.
As EMH (Hipóteses de Eficiência de Mercado) têm sido objeto de estudo pelos pesquisadores. Fama classificava suas hipoteses em tres grupos: fraca, semi-forte e forte. Um grupo extenso de pesquisas surgiu no sentido de classificar o mercado num destes grupos. Ou seja, verificar em situações específicas se o mercado agia de forma mais ou menos eficiente.
Neste texto irei comentar três aspectos da EMH: a crença atual, a suposição da correlação e a relação entre eficiência e previsão.
Crença Atual
Um artigo recente, analisado pelo blog Financial Rounds, concluiu, por exemplo, que existem evidências que o mercado de ações dos EUA são altamente ineficientes.
A questão da eficiência já era questionada com a expansão das finanças comportamentais. A constatação que as pessoas não são plenamente racionais abriu uma nova perspectiva em termos de tentar explicar como se comporta o mercado. Existia uma velha piada sobre dois pesquisadores que acreditam na EMH e que um deles, por acaso, encontra uma nota de 50 reais na calçada. Ele diz: “nao é uma nota de 50 dólares no chão?” O outro afirma: “Parece, mas se fosse alguém já teria passado e ficado com ela”.
A crise financeira aumentou o debate sobre a eficiência dos mercados. Diversos textos interessantes foram divulgados nos últimos dias tratando do assunto. Além da crise contribui o lançamento recente do livro The Myth of The Rational Market (de Justin Fox).
Robert Waldmann, em The REH vs the EMH, destaca que a eficiência do mercado não significa necessariamente a hipótese de expectativa racional (REH). Para Waldmann, a EMH não trata de comportamentos individuais ou assume que os investidores possuem, isoladamente, carteiras eficientes.
Ja Gillian Tett, no Financial Times (Credit crunch causes analysts to rethink rational market theory, 16 de junho de 2009, p. 17) cita uma pesquisa realizada entre os membros britânicos do CFA. Quando questionados se acreditam na eficiência do mercado dois terços responderam que já não acreditam que o preço do mercado reflete toda informação disponível. Além disto existe uma elevada discordância que o investidor é racional.
Esta mudança é mais significativa quando imagina que a eficiência do mercado é fundamental para pontos relevantes da contabilidade financeira, como a remuneração dos executivos. Isto naturalmente tem despertado o interesse pelas finanças comportamentais.
Esta conclusão dos estudo do Chartered Financial Analyst Institute também foi destacada por Tom Stevenson em Investors are finally seeing the nonsense in the efficient market theory (Daily Telegraph, 18 de junho de 2009).
Em EMH - The Dead Parrot of Finance, Neil Hume lembra que James Montier, do Soc Gen, deseja que a EMH seja banida da industria de investimento. Isto inclui CAPM, administração de risco entre outros.
A questão da Correlação
John Lounsbury - em The (In)Efficient Market Hypothesis - destaca um problema específico da EMH: questão da existência de correlação constante entre dois ativos no tempo. Lounsbury faz uma correlação entre o dólar e a SP 500 para os últimos 38 anos e encontrou o seguinte resultado:
Pode ser observado que a correlação entre os dois investimentos varia ao longo do tempo. Usando os dados do Banco Central para taxa de câmbio e variação do índice Bovespa fiz este cálculo para o Brasil. O resultado encontra-se abaixo:
A correlação da figura refere-se a variação diária para cada um dos anos. É possível perceber que a correlação entre estas duas variáveis muda com o passar do tempo. Isto significa dizer que a objeção de Lounsburry provavelmente também é válida para o Brasil.
EHM e Previsão
Uma questão que sempre incomodou as mentes mais críticas de finanças refere-se a relação entre a EHM e a bola de cristal. Lembro-me de um livro recomendado por meu mestre e orientador, Alexandre Assaf, que abordava este assunto. Trata-se de Modern Portfólio Theory, The Capital Asset Pricing Model & Arbitrage Princing Theory, de Diana Harrington. Harrington comenta a questão controversa de usar a teoria de finanças para fazer projeção.
Mais recentemente Timmermann e Granger (em Efficient Market Hypothesis and Forecasting) comentam a contradição: os modelos pressupõem um mercado eficiente, onde a existência do chamado lucro anormal não seria possível; mas os “práticos” usam para tentar obter este lucro.
15.7.09
Modelo de Precificação
Mais um problema para os modelos de precificação:
Os modelos de precificação de ativos, entre eles o CAPM, são largamente usados e ensinados. Entretanto, suas hipóteses restritivas são perigosas. Uma recente conclusão questiona ainda mais os valores obtidos por estes modelos. Em Asset Class Correlations Increase In Bad Times informa-se que a correlação entre ativos muda com o passar do tempo. Mais ainda, que a correlação, medida estatística entre dois ativos, aumenta com os problemas do mercado.
A questão é que os modelos são implantados usando dados históricos de covariâncias. Ou seja, o passado é usado para tomar as decisões nos dias de hoje. Apesar de alguns modelos permitirem ajustes nos dados históricos, a realidade é que os dados passados são relevantes.
Os modelos de precificação de ativos, entre eles o CAPM, são largamente usados e ensinados. Entretanto, suas hipóteses restritivas são perigosas. Uma recente conclusão questiona ainda mais os valores obtidos por estes modelos. Em Asset Class Correlations Increase In Bad Times informa-se que a correlação entre ativos muda com o passar do tempo. Mais ainda, que a correlação, medida estatística entre dois ativos, aumenta com os problemas do mercado.
A questão é que os modelos são implantados usando dados históricos de covariâncias. Ou seja, o passado é usado para tomar as decisões nos dias de hoje. Apesar de alguns modelos permitirem ajustes nos dados históricos, a realidade é que os dados passados são relevantes.
14.7.09
Por favor, não comprem minhas ações
Parece que isto é algo inédito. Segundo o excelente blog Footnoted, especializado nas demonstrações contábeis de empresas, em especial a parte narrativa, a GM aconselhou os investidores a não comprarem suas ações (GM: Please don’t buy our stock!)
No press release que acompanhou a divulgação das informações trimestrais a empresa faz a seguinte afirmação:
No press release que acompanhou a divulgação das informações trimestrais a empresa faz a seguinte afirmação:
A administração da GM notou a persistência de volumes elevados de negociação das ações ordinárias da GM a preços superiores a US $ 1. A administração da GM continua lembrando os investidores da sua forte convicção de que não haverá um valor para os acionistas ordinários no processo de falência, mesmo sob o mais otimista dos cenários. Acionistas de uma empresa no capítulo 11 geralmente só recebem valor se todas as obrigações da empresa, credores com ou sem garantia, estiverem plenamente cumpridas. Neste caso, a administração da GM acredita firmemente que todas esses reivindicações não serão totalmente preenchidas, o que leva a conclusão de que as ações ordinárias da GM não terão qualquer valor.
13.7.09
Aquisição de Empresas: quem ganha?
As pesquisas empíricas na área de finanças mostram que nos processos de aquisição os grandes ganhadores são as empresas adquiridas. Em geral o preço pago neste processo está acima do mercado. Este é o caso, por exemplo, da compra do grupo Ipiranga, ocorrida recentemente no Brasil, onde o preço determinado na operação ficou acima do preço de mercado.
A razão para que isto ocorra é simples: a aquisição é considerado vital pela gestão da empresa e oferecer um preço acima do mercado consegue quebrar as resistências na empresa adquirida. Para os acionistas da compradora resta escutar a balela da sinergia.
Entretanto esta regra geral admite exceções relevantes. Um trabalho recente publicado no Journal of Finance de junho de 2009, Do Stock Mergers Create Value for Acquirers?, de Pavel Savor (University of Pennsylvania) e Qi Lu (Northwestern University) analisam este processo.
O processo de aquisição pode ser vantajoso para a compradora, conforme constatam Savor e Lu, quando, em lugar de dinheiro, a operação ocorre através de ativos menos líquidos. Em especial através de troca de ações. Um exemplo conhecido ocorreu no acordo da America Online com a Time Warner. Esta transação aconteceu durante a bolha da internet. No acordo, a AOL pagou um prêmio elevado (48% em relação ao preço de fechamento). Inicialmente, o acordo pareceu ser favorável aos acionistas da Time Warner, que receberam ações cujo valor de mercado estava acima do preço da ação da Time Warner. Entretanto, com o tempo, as ações da America Online cairam de preço. Ou seja, o acordo foi amplamente favorável aos acionistas da AOL no longo prazo em razão do preço elevado de suas ações no mercado.
Como o número de operações de aquisição envolvendo ações é significativo - em alguns anos no passado foi maior que as operações com caixa - os resultados são relevantes por contradizer a crença generalizada de que os ganhadores são, em geral, os acionistas da empresa adquirida.
A razão para que isto ocorra é simples: a aquisição é considerado vital pela gestão da empresa e oferecer um preço acima do mercado consegue quebrar as resistências na empresa adquirida. Para os acionistas da compradora resta escutar a balela da sinergia.
Entretanto esta regra geral admite exceções relevantes. Um trabalho recente publicado no Journal of Finance de junho de 2009, Do Stock Mergers Create Value for Acquirers?, de Pavel Savor (University of Pennsylvania) e Qi Lu (Northwestern University) analisam este processo.
O processo de aquisição pode ser vantajoso para a compradora, conforme constatam Savor e Lu, quando, em lugar de dinheiro, a operação ocorre através de ativos menos líquidos. Em especial através de troca de ações. Um exemplo conhecido ocorreu no acordo da America Online com a Time Warner. Esta transação aconteceu durante a bolha da internet. No acordo, a AOL pagou um prêmio elevado (48% em relação ao preço de fechamento). Inicialmente, o acordo pareceu ser favorável aos acionistas da Time Warner, que receberam ações cujo valor de mercado estava acima do preço da ação da Time Warner. Entretanto, com o tempo, as ações da America Online cairam de preço. Ou seja, o acordo foi amplamente favorável aos acionistas da AOL no longo prazo em razão do preço elevado de suas ações no mercado.
Como o número de operações de aquisição envolvendo ações é significativo - em alguns anos no passado foi maior que as operações com caixa - os resultados são relevantes por contradizer a crença generalizada de que os ganhadores são, em geral, os acionistas da empresa adquirida.
2.7.09
Taxa livre de Risco
Em finanças corporativas estuda-se a questão do investimento num título que pretensamente não possui risco. Os livros, geralmente com forte influência anglo-saxão, considera a taxa do tesouro dos EUA como o valor mais próximo deste retorno do título sem risco, ou Rf na expressão clássica do CAPM.
Com a crise financeira, esta taxa deixa de ser referência.
Atualmente o país com menor remuneração para os investidores, que pretensamente representa a taxa mais próximo de um título livre de risco, é a Noruega, com um retorno de 2,7%. Isto corresponde a um rating AAA para o investimento no país escandinavo, segundo a empresa CMA, que divulgou estes números. A seguir, os seguintes países: Finlândia, Alemanha, França, EUA, Japão, Holanda, Dinamarca, Suiça e Bélgica, nesta ordem.
A lista dos piores, entre os pesquisados, é liderada pela Argentina, com 76,9% e um rating correspondente a C. Depois Ucrânia, Venezuela, Letônia, Islândia, Dubai, Lituânia, Cazaquistão, Romênia e Bulgária.
Com a crise financeira, esta taxa deixa de ser referência.
Atualmente o país com menor remuneração para os investidores, que pretensamente representa a taxa mais próximo de um título livre de risco, é a Noruega, com um retorno de 2,7%. Isto corresponde a um rating AAA para o investimento no país escandinavo, segundo a empresa CMA, que divulgou estes números. A seguir, os seguintes países: Finlândia, Alemanha, França, EUA, Japão, Holanda, Dinamarca, Suiça e Bélgica, nesta ordem.
A lista dos piores, entre os pesquisados, é liderada pela Argentina, com 76,9% e um rating correspondente a C. Depois Ucrânia, Venezuela, Letônia, Islândia, Dubai, Lituânia, Cazaquistão, Romênia e Bulgária.
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