21.5.07

Nomes fazem diferença

Pesquisadores descobriram que nomes de mulheres como Anna, Emma e Elizabath tem menos chance de estudar matemática ou física depois dos 16 anos. Como ambos os campos são tradicionalmente masculinos, meninas com nomes de Abigail, Lauren ou Ashley, cujo nome são mais fortes, tem mais probabilidade de sucesso nestes campos.

Este efeito ocorre inclusive nas situações de gêmeos. Assim, uma Isabella tem menos chance de estudar matemática, conforme as pesquisas. Meninas com nomes feminos têm mais pressão para evitar as áreas técnicas, mesmo possuindo a mesma capacidade de outras meninas, com nomes mais masculinos.

Nomes seriam, a exemplo de uma marca, parte de um pacote. A escolha de um bom nome para os filhos passa a ser importante.

A taxa de feminilidade dos nomes:

Isabela = 1,21
Anna = 1,04
Elizabet = 1,02
Emma = 0,97
Jéssica = 0,93
Samantha = 0,83
Sarah = 0,78
Olívia = 0,74
Hannah = 0,70
Emily = 0,68
Lauren = 0,66
Ashley = 0,63
Grace = 0,50
Abigail = 0,48
Alex = 0,28

Fonte: Clique aqui

18.5.07

Copyright

Uma discussão interessante sobre a possibilidade de aplicar a regra de copyright numa partida de xadrez. O jogo seria propriedade dos jogadores, do torneio onde se realizou a partida ou dos patrocinadores?

Uma questão próxima diz respeito ao espolio do grande escritor James Joyce. O estudo da obra do autor de Ulisses tem sido dificultado por sua filha, Lucia, que impede que material extra, deixado pelo pai, seja publicado, parcialmente ou não. (clique aqui)

Esta discussão leva-nos a um excelente artigo de Hal Varian para o New York Times, sobre a proteção no setor de moda. Varian lembra que o motivo para proteger patente e copyright encontra-se na própria constituição norte-americana: promover o progresso da ciência e das artes. Entretanto, o mesmo Varian lembra que uma lei de propriedade intelectual não é a única forma de promover incentivos. A partir deste ponto, Varian usa o exemplo da indústria de moda (fashion), que possui um bom desempenho sem necessitar de proteção legal.

É importante destacar que Varian não está se referindo aos nomes, mas ao desenho das roupas.

Como estes não são protegidos, é comum a “pirataria” dos desenhos na indústria de moda. Se um estilo cai no gosto, ele é rapidamente copiado. Assim, jeans com cintura baixa tornou-se moda, e todas as indústrias passaram a “piratear” este desenho.

O que explicaria então o fato do setor funcionar de maneira razoavelmente adequada? Em primeiro lugar, a indústria da moda tem como característica a rápida obsolescência dos modelos, muitas vezes antes da roupa sofrer o desgaste físico natural. Em segundo lugar, o setor possui mecanismos interessantes, como os desfiles, que permite ao consumidor saber qual será a tendência da moda, que a indústria irá colocar a disposição.

Varian afirma que a ausência de proteção a propriedade intelectual é importante para promover a criatividade do setor. Caso existisse copyright para impedir a “pirataria”, a indústria da moda estaria muito mais preocupada em proteger seus diretos, tornando-se menos criativa.

Podemos dizer que a indústria de moda substituiria o costureiro criativo por um advogado burocrático.

Esta análise é interessante, pois mostra que nem sempre a proteção intelectual é interessante para o desenvolvimento de uma indústria.

17.5.07

Fusão é interessante.

Muito interessante a reportagem do Wall Street Journal sobre os ganhos elevados das empresas que assessoram a Daimler e Chrysler.

Em fusões, Wall Street sempre ganha
17/05/2007
Por Dana Cimilluca e Marcus Walker
The Wall Street Journal

A fusão da Daimler-Benz AG com a Chrysler Corp., em 1998, tirou dos trilhos as carreiras de executivos da indústria automobilística e foi um fracasso para acionistas. Mas os bancos de investimento e escritórios de advocacia que coordenaram o negócio nove anos atrás saíram com suas carteiras recheadas.

A DaimlerChrysler AG e a Cerberus Capital Management LP não estão falando muito sobre quem está assessorando e financiando a venda da Chrysler, exceto que o J.P. Morgan Chase & Co. assessorou a montadora alemã.

Mas pessoas familiarizadas com o assunto dizem que a Goldman Sachs Group Inc. e o Citigroup Inc. estão envolvidos de alguma maneira na aquisição feita pela Cerberus. Tanto o Goldman quanto a corretora do Citigroup, bem como o Chase Manhattan Corp., antecessor do J.P. Morgan, foram assessores da fusão da Daimler com a Chrysler, de acordo com a Thomson Financial.

O banqueiro Alexander Dibelius, do Goldman, ajudou a firma a ganhar o grosso dos US$ 60 milhões levados pelos bancos que assessoraram a Daimler na transação original com a Chrysler, parte de um bolo de mais de US$ 100 milhões que segundo a Thomson os bancos dividiram no negócio. (Os bancos podem conseguir muito mais no negócio da Cerberus, dado seu significativo componente de financiamento.)

Desta vez, Dibelius está no outro lado, um entre vários banqueiros do Goldman que trabalham para a Cerberus. Presidente do conselho da Goldman na Alemanha, Dibelius, de 47 anos, é um dos banqueiros de investimento mais bem conectados daquele país, cultivando clientes em reuniões como as do Fórum Econômico Mundial. Dibelius, que não pôde ser contatado para comentar, era próximo do ex-diretor-presidente da DaimlerChrysler Jürgen Schrempp.

Há uma longa tradição em Wall Street de banqueiros que ajudam a fundir empresas para depois desmantelá-las mais tarde — ganhando comissões nas duas pontas.

O Goldman e o Credit Suisse Group assessoraram C. Michael Armstrong, então diretor-presidente da AT&T Corp., numa série de compras nos anos 90 que transformou a telefônica na maior operadora de TV a cabo dos EUA. Os dois bancos também estiveram lá na hora de desfazer a empresa, assessorando a AT&T na venda de sua divisão de cabo para a Comcast Corp. em 2002.

Petrobrás perdeu

Uma das reportagens mais interessantes sobre a questão da refinaria da Petrobrás na Bolívia foi do Estado de 11/05/2007:

Sem saída, Petrobrás perde em 3 rounds
GUERRA DO GÁS Analistas, no entanto, consideram que impacto no balanço será ínfimo
Irany Tereza

SEM FUTURO - A ex-usina da Petrobrás em Santa Cruz, que, para os analistas, em breve será sucateada pelas mãos dos bolivianos

O acordo selado em torno das duas refinarias da Petrobrás retomadas pelo governo boliviano marca o terceiro round perdido pela empresa para a Bolívia. "Primeiro foram as mudanças na produção de petróleo e gás, com a nacionalização e o aumento de tributação; depois, veio o acordo do gás e o aumento do preço e agora, com o acordo do refino, a pauta da Bolívia se esgota de maneira prejudicial à Petrobrás", diz Felipe Cunha, analista de petróleo do Banco Brascan.

Ele considera, porém, que não havia outra saída para a estatal brasileira e o prejuízo assumido pela empresa, calculado pelo mercado em torno de US$ 80 milhões - diferença entre o valor investido pela estatal e o que será recebido pelas unidades - é ínfimo diante dos resultados da companhia.

"Contabilmente, é difícil calcular o impacto, mas, com certeza, será pequeno. A capacidade total de refino da Petrobrás, no Brasil e no exterior, é de 2,227 milhões de barris por dia. A Bolívia representa 2,5% disso. O prejuízo afeta muito pouco e será diluído no resultado", diz Cunha.

Hoje, a Petrobrás divulga o resultado financeiro alcançado no primeiro trimestre do ano. A expectativa do mercado financeiro é de lucro entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5 bilhões. O consultor Adriano Pires usa esse valor para fazer uma comparação com a pendenga boliviana.

"O lucro da Petrobrás em três meses será, pelo menos, 20 vezes o valor pago pelas refinarias. A decisão brasileira foi correta. A Bolívia saiu ganhando no curto prazo, talvez confiando na ajuda da venezuelana PDVSA, caso não consiga operar as refinarias. Mas, no médio prazo, sairá perdendo porque não não vai mais haver investimento, as refinarias tornarão a ser sucateadas e a Bolívia vai empobrecer ainda mais", afirmou. A analista de um grande banco, que tem como norma não divulgar pareceres sobre negociações empresariais, comentou que, mesmo não tendo provisionado o prejuízo com as refinarias no balanço deste ano, o valor é tão pequeno que poderá ser incluído em qualquer outra provisão da estatal.

"Nem quando há ameaça de interrupção no fornecimento de gás, o que é muito mais grave, essa questão da Bolívia tem reflexo no valor das ações da Petrobrás. A questão das refinarias, então, não terá o menor impacto. É mais uma questão moral que financeira", diz ela.

Em relatório do Brascan, o analista Felipe Cunha ressalta que a permanência da Petrobrás na Bolívia acaba sendo prejudicial para a empresa. Cunha frisa que, entre os aspectos negativos vistos pelo mercado com relação à Petrobrás, está principalmente a manutenção de investimentos arriscados em determinados países, "especialmente na Bolívia". "Esses investimentos reforçam a percepção de risco político sobre a empresa", disse. Adriano Pires destaca que o decreto anunciado pelo presidente Evo Morales no último domingo, com a apropriação do controle da venda de derivados e a fixação de US$ 30 para o barril de petróleo, praticamente zerou o valor de mercado das refinarias. "Quanto mais tempo a Petrobrás permanecesse com esses ativos, mais teria prejuízo.

E, diante do nervosismo dos movimentos sociais na Bolívia, não se sabe também que conseqüências danosas e imediatas poderiam resultar de um pedido de arbitragem internacional pela Petrobrás. O que o (presidente) Morales fez foi um desrespeito", disse o consultor.

16.5.07

Nome vendido por 9 milhões de dólares

Um nome na internet foi vendido a 9 milhões de dólares. A MXN adquiriu o nome Porn.com por este valor. O alto valor pago é decorrente da perspectiva futura de fluxo de caixa. Um endereço com este nome tem um alto potencial de ganho futuro. (clique aqui para ler mais)

Chrysler foi vendida ou doada?

Segundo Michael Rainey, o acordo ca Cerberus para compra da Chrysler representou nada mais, nada menos, que um pagamento da Daimler para que a Cerberus ficasse com a Chrysler.

O valor que foi noticiado da venda, de $7 bilhões, representou, é claro, uma grande perda para uma empresa, a Daimler, que pagou $36 bilhões em 1998. Mas uma análise no acordo, conforme afirma Rainey, mostra que foi pior ainda. Esta notícia também foi confirmada pelo NY Times e Wall Street Journal

A Cerberus irá investir 5 bilhões na nova empresa. Este dinheiro não irá para a Daimler. Além disto, 1 bilhão serão investidos na nova empresa, na área de negócios financeira. Isto também não irá para a Daimler. A Daimler irá emprestar para nova empresa mais dinheiro, além dos custos da reestruturação.

Em resumo, o acordo custou para Daimler 650 milhões de dólares para escapar de $18 bilhões de passivo com empregados.

15.5.07

Daimler e Chrysler

A Daimler, fabricante alemã de automóveis, está vendendo sua participação na Chrysler, antigamente a terceira maior montadora norte-americana. O blog do Wall Street Journal usa o livro "Deals from Hell" onde estão listadas as condições para que um acordo de fusão e aquisição não será um sucesso. Este livro cita seis casos clássicos onde as regras do autor do livro são aplicadas.

Um dos estudos de casos é a compra, por $36 bilhões, da Chrysler, em maio de 1998. Esta operação foi chamada de acordo entre iguais, pois a Chrysler era forte em segmentos onde a Daimler não participava.

O mercado comenta que hoje a Daimler deseja vender sua parcela na Chrysler por 7,4 bilhões.

11.5.07

Bolívia aceita pagar...

Bolívia aceita pagar US$ 112 mi por refinarias, diz Rondeau

Inicialmente a Petrobras havia pedido um valor de US$ 200 milhões pelas refinarias

Leonardo Goy

BRASÍLIA - A Petrobras fechou nesta quinta-feira, 10, um acordo com a Bolívia que, na prática, foi uma "liquidação" de suas refinarias naquele país. Depois investir US$ 124 milhões, a Petrobras vai recuperar apenas US$ 112 milhões, em duas parcelas, que poderão ser quitadas com o fornecimento de gás. Com isso, a estatal brasileira abandonou o refino de petróleo na Bolívia e se livrou de um ambiente de negócios imprevisível pelas constantes mudanças nas regras dos contratos. "O diálogo prevaleceu. Estamos satisfeitos com o entendimento", comentou o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau.

Ao anunciar o resultado das negociações, ele informou que será criada uma comissão de transição para conduzir o processo de passagem do controle das refinarias para a estatal boliviana YPFB. O valor de US$ 112 milhões, segundo Rondeau, inclui ativos e estoques das refinarias e foi o preço pedido pela Petrobras desde o início das negociações. Assim, ele contrariou informações que o preço de venda, inicialmente, era de US$ 153 milhões.

O ministro negou, também, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha interferido na definição do valor da venda das refinarias. "O presidente Lula, desde o início da discussão, sempre apoiou a posição comercial da Petrobras no assunto. O presidente não entrou na questão do preço", afirmou.

O presidente da Bolívia, Evo Morales, contudo, no final das negociações, agradeceu a Lula pela intermediação no acordo entre o governo boliviano e a Petrobras para a compra das refinarias. "O companheiro Lula continua sendo um irmão maior. Precisamos do Brasil para que a Bolívia se levante", declarou Morales.

Ele acusou a imprensa de provocar tensão entre os dois governos. Morales acrescentou que continua mantendo boas relações com Lula. "Jamais entraremos em choque", assegurou o líder boliviano. Morales não entrou em detalhes sobre como o governo boliviano pagará pelas refinarias.

Negociação

A compra foi acertada ao final de uma reunião entre o presidente da Bolívia e os ministros envolvidos na questão energética na sede do governo, o Palácio Quemados. No final da manhã, a resposta foi apresentada verbalmente pelo ministro de Hidrocarbonetos e Energia, Carlos Villegas, ao presidente da Petrobras Bolívia, José Fernando de Freitas, e ao embaixador do Brasil em La Paz, Frederico Araújo.

A definição do preço, entretanto, não encerrou o imbróglio nem dissipou o clima de desconfiança da Petrobras e do governo brasileiro em relação à palavra dada pela equipe de Evo Morales. Uma resposta definitiva, registrada em papel e assinada, foi exigida pelo lado brasileiro. O documento foi entregue no início da noite, ao final de negociações técnicas.

Proposta

O preço de US$ 112 milhões pela venda de 100% das ações das refinarias da Petrobras em Santa Cruz de la Sierra e em Cochabamba foi o principal ponto da proposta apresentada na última terça-feira pela companhia brasileira ao governo boliviano. A oferta refletiu a decisão da Petrobras de retirar-se totalmente da atividade de refino de petróleo na Bolívia, mesmo com prejuízo de cerca de US$ 40 milhões para a companhia brasileira.

A Petrobras havia adquirido essas mesmas plantas do governo boliviano no final de 1999, em atendimento a um apelo do então presidente Hugo Bánzer. Na época, duas refinarias custaram US$ 104 milhões. Desde então, a companhia investiu cerca de US$ 20 milhões em melhorias operacionais dessas plantas.

A proposta de venda das refinarias foi apresentada na última terça-feira pela Petrobras, como reação à decisão do governo Evo Morales de editar o decreto supremo 29.122, que determinou a expropriação do fluxo de caixa dessas refinarias. A notícia chegou ao governo brasileiro quando estava em curso a negociação da proposta anterior da Petrobras de manter uma cota de 20% das refinarias e de atuar em parceria com a YPFB no setor de refino de petróleo.

Essas conversas, segundo fontes, a Petrobras já havia baixado o preço total das refinarias de US$ 153 milhões para US$ 135 milhões, mas as autoridades bolivianas não aceitavam preço superior a US$ 110 milhões. Até o último dia 28, as autoridades bolivianas asseguravam que nenhuma medida unilateral seria adotada pelo governo antes da conclusão dessas negociações.


Fonte: Estado

No jornal Estado de 10/5/2007 (p. B4) informava que o mercado recebeu mal o valor negociado pela Petrobrás. Em 1999 a Petrobrás pagou $104 milhões e fez diversos investimentos nas unidades.

Evo blefou ao propor US$50 milhões e no final estará pagando o valor contábil.

10.5.07

Petrobrás e Bolívia

Continua a negociação da Petrobrás com a Bolívia sobre o valor das refinarias. A Petrobrás deseja US$120 milhões (Estatal quer US$ 120 milhões Este é o valor mínimo que empresa aceitará por refinarias, Kelly Lima, Estado de S. Paulo, 8/5/2007)

Na realidade este valor é uma especulação da reportagem uma vez que a empresa não revelou o valor da proposta. Um aspecto interessante é que a diferença entre o que a empresa propõe e a proposta da Bolívia é grande. Segundo a reportagem

A diferença relativamente grande entre as cifras é proposital. "A idéia é ter uma margem para negociação", informou a fonte. O valor é bem inferior ao original, que, segundo informações de mercado, girava em torno dos US$ 200 milhões.

Além disto, a Petrobrás deu um tempo reduzido para a resposta da Bolívia. Isto seria um sinal de que a empresa não espera algo de novo nas negociações.

"O valor apresentado pela Petrobrás foi um número hipotético, que considerava os investimentos feitos na modernização da refinaria e calculava 100% sobre o total de US$ 100 milhões pago por ambas", explicou a fonte ouvida pelo Estado.

Segundo dois especialistas de mercado também consultados, o preço, mesmo inferior à proposta inicial, está dentro do considerado como "justo" para a venda das refinarias. "É claro que os US$ 200 milhões trariam melhor remuneração, mas, diante da atual situação, repassar o controle dessas unidades é hoje mais vantajoso para a Petrobrás", disse Marco Aurélio Tavares, da consultoria Gas Energy. Segundo um analista de instituição financeira, que pediu para não ser identificado, a Petrobrás teria de assumir um risco muito alto caso decidisse continuar a operar as refinarias porque, se houvesse um acidente, o reflexo sobre o nome da empresa teria dimensões maiores do que as atividades que ela possui efetivamente na Bolívia.


Ou seja, para Petrobrás é interessante desfazer do negócio. Entretanto, esta aposta elevada significa também que a empresa poderá contrariar as expectativas dos seus acionistas. Em outra reportagem (Estatal quer dinheiro à vista Sociedade em refinaria foi descartada depois do decreto, Agnaldo Brito, Estado de S. Paulo, 10/5/2007) já se especula que a empresa receberá somente metade do solicitado e a Bolívia irá pagar o dobro do proposto. Além disto, a Petrobrás exigiu pagamento em dinheiro, e não em petróleo ou gás natural.

A Bolívia tem prazo até as 12 horas de hoje [10/5] para dizer se aceita ou não a oferta da Petrobrás. Se não houver acordo, a Petrobrás vai recorrer a arbitragem internacional.

O Estado apurou que no encontro de ontem ocorreu em clima cordial, mas o diálogo foi franco. O presidente Petrobrás Bolívia disse que as decisões de La Paz quebraram a confiança e inviabilizaram qualquer possibilidade de manter uma relação societária.

Qual a metodologia mais adequada para avaliar este ativos? Lembrando que para cada uma das partes, o valor deverá ser diferente. Para Petrobrás fica claro que o risco é elevado. Isto tende a diminuir o valor presente das refinarias.

9.5.07

Apoio do Sindicato

Num processo de aquisição de empresa, é importante ter apoio de todas as partes. Um caso interessante, relatado pelo Wall Street Journal, mostra como a CSN esqueceu de obter o apoio do sindicado nos Estados Unidos.

Como a CSN tropeçou num sindicato nos EUA
09/05/2007 - Por Bernard Wysocki Jr., Kris Maher e Paul Glader

PITTSBURGH — Quando a CSN preparava-se no ano passado para comprar a siderúrgica americana Wheeling Pittsburgh Corp., as duas empresas não estavam nem aí para a oposição do sindicato United Steelworkers Union.

Isso foi um erro.

O USW queria um comprador que considerasse mais favorável aos sindicatos do que a CSN, e o encontrou na Esmark Inc., uma empresa de Chicago. Diretores da Esmark prometeram que não haveria demissões. O sindicato apoiou a Esmark, que então levou adiante uma campanha junto aos acionistas para derrubar o conselho da Wheeling Pitt. Em novembro, ela ganhou.

"Nós mudamos o conselho inteiro em um só dia", diz Ron Bloom, o líder do USW na batalha.

Numa época em que mais empresas brasileiras tentam aquisições nos Estados Unidos, um país onde o sindicalismo parece um frágil anacronismo, o USW vem exercendo bastante poder, ao lidar de maneira séria com os capitalistas. Sua estratégia, em vez de simplesmente socar a mesa e pedir aumentos ou ameaçar greve, é bloquear aquisições, tomar partido em batalhas de aquisição e brigar por vagas no conselho.

O sindicato também mostra força na mesa de negociações em concordatas, intitulando-se "credor" cujos créditos são os salários e benefícios perdidos dos trabalhadores. Em sua tática mais sofisticada, ele fecha acordos com firmas de private equity e outros financistas. "Se você não entrar no jogo, vai realmente se ferrar", diz Leo Gerard, presidente do sindicato, que tem 850.000 filiados e representa trabalhadores nas áreas de química, papel, alumínio e outras, além da siderurgia.

O motivo pelo qual o USW pode influenciar as aquisições vem de um direito contratual chamado cláusula de sucessão. Na maioria dos sindicatos americanos, essas cláusulas obrigam a empresa que comprar uma usina coberta por um acordo coletivo a respeitar o contrato de trabalho já existente. Mas os acordos coletivos do USW vão além: muitos ditam que a empresa sucessora e o sindicato devem chegar a um acordo sobre um novo contrato antes de a usina ser vendida. Esse direito, que os metalúrgicos obtiveram na maioria de seus contratos de trabalho em meados dos anos 1980, dá a eles o poder de vetar a venda de uma usina.

Das dezenas de negociações nos últimos anos, poucas mostram tanto o poder dos sindicatos de metalúrgicos quanto a briga pela Wheeling Pittsburgh.

A siderúrgica era considerada fraca diante das rivais e candidata a ser adquirida. Em 2005, seu conselho contratou um banco de investimentos e avaliou possíveis parceiros, inclusive a Esmark. Mas fechou acordo com a Companhia Siderúrgica Nacional SA. Clark Ogle, então diretor da Wheeling Pitt, diz: "Achamos que seria mais prudente ter um sócio. A CSN parecia a escolha mais lógica."

O sindicato não concordava. Bloom diz que não havia nada de "inerentemente errado" com a CSN, uma siderúrgica forte e de baixo custo. Mas ele e Leo Gerard analisaram a proposta e concluíram que ela beneficiava demais a CSN e não o suficiente os metalúrgicos americanos. O sindicato temia que a CSN poderia importar chapas de aço baratas do Brasil para laminação e processamento nos EUA, o que diminuiria a necessidade de trabalhadores americanos.

Bloom foi repelido quando manifestou seus questionamentos à direção da Whelling Pitt. Em meados de 2006, o USW deu sua cartada. Invocou uma cláusula de sucessão ainda mais potente, que havia negociado anteriormente com a Wheeling Pitt e compreendia a empresa inteira, e seria ativada diante de qualquer mudança de dono. O sindicato prometeu se opor à venda para a CSN.

"O que fazemos melhor é parar as coisas", diz Bloom.

Ele informou à Wheeling Pitt que o sindicato apoiaria a Esmark, uma empresa que a siderúrgica havia rejeitado.

A Esmark sabia muito bem que quando o sindicato dos metalúrgicos se opõe às medidas da empresa, ele pode se fazer ouvir através de comunicados raivosos, ameaças de greve ou outras medidas que chamem a atenção dos investidores. "É suicídio tentar comprar uma siderúrgica sem o apoio do sindicato", disse Bouchard.

É uma lição que a CSN aprendeu tarde demais. "Não ficamos do lado do sindicato desde o início, então eles viraram nossos inimigos", diz Luiz Ernesto Migliora, diretor da CSN. Ele diz que a empresa continua interessada em comprar ativos no setor siderúrgico americano, mas, da próxima vez, "jamais tentarei fazer qualquer coisa sem obter primeiro o apoio do sindicado".

8.5.07

Ainda ABN

Um estudo de caso interessante sobre conflito de agência (acionista versus administradores) e teoria dos jogos.

Acionistas ganham voz na batalha pelo ABN
Por Jason Singer e Carrick Mollenkamp
The Wall Street Journal - 08/05/2007

Ao rejeitar uma oferta maior de um consórcio de bancos europeus em favor da do Barclays PLC, o ABN Amro Holdings NV criou as condições para um novo embate com os acionistas.

O gigante holandês dono do Banco Real também deixa a porta aberta para que o consórcio rejeitado tente novamente comprá-lo.

O ABN e o Barclays agora precisam convencer os acionistas do ABN a apoiar seu acordo de € 65,27 bilhões, ou US$ 88,79 bilhões. Diretores dos dois bancos se reuniram com investidores nas últimas semanas. Essas reuniões podem acabar sendo essenciais para apaziguar os acionistas antes de eles votarem, numa data que ainda está por ser marcada. O relacionamento do ABN com os acionistas tem sido conflituoso durante a batalha para finalizar o que seria a maior aquisição de um banco da história. Um grupo de acionistas abriu um processo na justiça holandesa e conseguiu forçar o ABN a realizar uma votação entre os acionistas para ratificar um acordo em paralelo para vender seu banco americano, o LaSalle, para o Bank of America Corp., e um fundo de hedge londrino exigiu a demissão do diretor-presidente do ABN, Rijkman Groenink.

O consórcio liderado pelo Royal Bank of Scotland Group PLC também pode voltar com uma oferta hostil pelo ABN, ou novos concorrentes podem entrar na briga. O ABN recusou a oferta de € 72,27 milhões do consórcio na noite de domingo. O ABN também rejeitou a oferta de US$ 24,5 bilhões pelo banco LaSalle, optando em vez disso por permanecer fiel ao acordo anterior para vendê-lo ao Bank of America por US$ 21 bilhões.

O consórcio, que é encabeçado pelo diretor-presidente do RBS, Fred Goodwin, disse ontem que sua oferta era "consideravelmente maior" que a do Bank of America e levaria a uma oferta pública pelo ABN.

Os diretores do ABN chegaram à decisão de rejeitar a oferta depois que o RBS e seus dois sócios, o Fortis NV e o Banco Santander Central Hispano SA, se reuniram às pressas na sede do ABN em Amsterdã.

Agora, o voto dos acionistas do ABN sobre a venda do LaSalle servirá como referendo para decidir quem comprará o banco holandês.

Ao explicar a rejeição ao consórcio, o ABN citou ontem dúvidas em relação a financiamento, regulamentação, impostos, aprovação dos acionistas e outros fatores. O ABN disse ontem que fez "repetidos pedidos de esclarecimentos ao consórcio", e acrescentou que "nenhuma prova de um compromisso de financiamento foi apresentada".

Mas pessoas próximas do grupo do RBS disseram que o consórcio atendeu a quase todas as exigências do ABN e apresentou ao banco uma proposta de aquisição totalmente financiada e com condições similares às que já haviam sido combinadas com o Barclays. O consórcio tinha garantias do financiamento e provas disso foram disponibilizadas para o ABN, disse uma pessoa próxima do grupo do RBS. O consórcio não tomou nenhuma decisão sobre o que fará a partir de agora, disseram pessoas a par da questão.

Mas sobre qualquer atitude futura paira a sombra de um processo aberto pelo Bank of America num tribunal americano contra o ABN e que exige a manutenção do seu contrato de compra do LaSalle. O processo é um grande obstáculo ao lançamento de uma oferta hostil por parte do RBS, disseram pessoas familiarizadas com a questão.

O RBS não quis comentar.

Um porta-voz do Bank of America disse ontem que o prazo para ofertas rivais pelo LaSalle "já acabou e esperamos concluir nossa transação dentro dos termos estabelecidos no contrato".

— Edward Tayler e Valerie Bauerlein colaboraram neste artigo.

As razões das aquisições

Uma reportagem do Wall Street Journal explica as razões para as recentes notícias de fusão/aquisição no mercado de capitais. Ao comentar sobre o mercado acionário em alta a reportagem, indiretamente, afirma que algumas destes negócios terão resultado negativo para os acionistas das empresas compradoras.

Queda de barreiras a aquisições faz com que toda empresa seja um alvo
Por Dennis K. Berman em Nova York, Jason Singer em Londres e John R. Wilke em Washington - The Wall Street Journal

Uma após a outra, as antigas barreiras que protegiam as empresas de serem adquiridas estão se dissolvendo. Resultado: uma onda sem precedentes de negócios da qual, ao que parece, poucas empresas estão protegidas.

Fronteiras e tamanho costumavam ser obstáculos, mas três bancos europeus se juntaram para apresentar uma oferta de quase US$ 100 bilhões para desmembrar o banco holandês ABN Amro Holding NV. Empresas financeiras já foram consideradas fora dos limites para firmas de aquisições alavancadas, que usam dinheiro emprestado para fazer suas compras. Mas o tabu caiu por terra com a planejada compra por US$ 25 bilhões da Sallie Mae, firma americana de crédito educativo, por firmas de private equity e bancos. Empresas de controle familiar, especialmente as que possuem uma estrutura societária em que certas ações têm mais poder de voto, eram consideradas intocáveis, mas isso não impediu que a News Corp., de Rupert Murdoch, oferecesse US$ 5 bilhões pela Dow Jones & Co., que publica o Wall Street Journal

Até mesmo a maior barreira — o governo — não parece mais intransponível. Exemplo: a Alcoa Inc., que ontem fez uma oferta não acordada de US$ 27 bilhões pela canadense Alcan Inc. O negócio recriaria a produtora de alumínio que o governo dos Estados Unidos passou quase 40 anos tentando separar.

"Tirando as 10 ou 15 maiores empresas do mundo, ninguém está a salvo", diz Scott Barshay, sócio do escritório de advocacia Cravath, Swaine & Moore. "O financiamento através de dívidas está presente. O financiamento por ações está presente. E a disposição das firmas de private equity de apostar também está presente."

Em Wall Street, há uma sensação de que as condições para o fechamento de acordos só vão piorar e agora é o momento de atacar.

O fator mais importante por trás dessa onda de negócios é o mercado acionário, que segue batendo recordes. Ações mais valorizadas dão aos executivos a confiança — e o capital — para caçar alvos maiores. O volume total de aquisições em 2007 já chegou a US$ 2 trilhões, maior do que o volume de todo o ano de 2004 e 60% a mais que no mesmo período em 2006. O volume nos EUA aumentou 41% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a provedora de dados Dealogic.

Além disso, os acionistas estão de maneira geral dando suas bênçãos às jogadas dos compradores, especialmente quando eles conseguem reduções de custos na empresa resultante. A ação da Thomson caiu apenas 0,64% depois de divulgado na semana passada que a empresa estava preparando uma oferta de US$ 16 bilhões pela Reuters Group PLC. E tanto a ação da Alcan quanto a da Alcoa subiram ontem, em parte por conta das expectativas dos investidores quanto às reduções de despesas projetadas com a fusão, de US$ 1 bilhão.

Isso pode jogar ainda mais lenha na fogueira desta onda de fusões: cerca de 43% dos acordos fechados neste ano tiveram algum tipo de corte de custos incluído na transação, segundo a Standard & Poor's, de longe o nível mais alto dos últimos dez anos.

Como em qualquer período de boom, essas condições seguem motivando ainda mais acordos — e mais riscos. Os preços dos acordos estão no nível mais alto desde 2000, segundo dados compilados pela FactSet Mergerstat, que fornece dados sobre fusões. Neste ano, os compradores estão em média gastando 12,1 vezes o fluxo de caixa de seus alvos, ante 10,4 vezes durante 2006 e 9,7 vezes em 2000.

Tanto as empresas quanto as firmas de private equity — que normalmente compram companhias abertas, fecham o capital delas e as reestruturam para depois revendê-las — estão sendo atraídas para a mesa de negociações por centenas de bilhões de dólares em financiamento disponível a baixas taxas e praticamente sem condições. Esse capital está causando confusão nos mercados.

"A cabeça está girando constantemente. Todos os setores estão sendo reestruturados", diz Howard Wiesenfeld, um administrador de carteira do DKR Ibex, um fundo que investe em ações de empresas envolvidas em fusões. Wiesenfeld tem acordado todo dia às 4 horas para começar a negociar ações européias.

As firmas de aquisição alavancada se afastavam tradicionalmente da compra de empresas de certos setores, como o financeiro. O pensamento era de que essas firmas estavam sujeitas a exigências de capital das autoridades e já carregavam muita dívida. Mas duas firmas de private equity, a JC Flores & Co. e a Friedman Fleischer & Lowe LLC, se aventuraram, ancoradas por um crédito de US$ 30 bilhões do J.P. Morgan Chase e do Bank of America.

O raciocínio: a Sallie Mae pode securitizar seus créditos estudantis em títulos que vende a investidores, de modo que a empresa não fica dependente da captação de recursos nos mercados de crédito. Assim, mesmo que a classificação de risco da Sallie Mae se deteriore, ela "não teria necessidade de acessar os mercados de capitais neste momento".

No primeiro trimestre de 2007, as empresas e as firmas de private equity captaram US$ 183 bilhões em dívida, de acordo com a Standard & Poor's. O volume geral foi quase 25% maior do que no quarto trimestre de 2006, e quase quatro vezes o de 2004. Com tanto dinheiro em mãos, as firmas de private equity estão se apressando em comprar empresas cada vez maiores.

Essas firmas têm conseguido captar enormes quantias em questão de semanas.